"Por volta dos 15 anos, me colocaram em aulas particulares para obter ajuda extra na escola, porque não era o cara mais inteligente do mundo" — James Guy à BBC Sport. "Achava as coisas difíceis de entender, e precisava que o professor repetisse quatro vezes, simplesmente para absorver. Me sentia excluído. Meus amigos riam, me zoavam. Eu não dava bola porque eram meus melhores amigos, mas era muito constrangedor".
"Na minha vida cotidiana, posso me distrair muito facilmente. Vou começar uma tarefa, não vou terminar, vou fazer outra coisa, e não vou terminar. Tento dar o meu melhor, mas não consigo evitar. Até mesmo se a Courtney (a noiva dele) estiver falando comigo, ela vai perguntar: 'Você está ouvindo?' Eu vou responder que 'sim', e ela vai dizer: 'Então, o que eu disse?' E eu respondo 'hum...' — não de uma forma rude, mas porque meu cérebro diverge", explica.
"Eu disse ao meu psicólogo que estou 16 quilômetros por hora à frente ou 16 quilômetros por hora atrás. Não existe meio-termo".
"Acho difícil ficar parado, tenho que fazer alguma coisa o tempo todo, e é por isso que nadar é muito bom para mim", diz ele. "Quando vou para casa, como estou mentalmente cansado, consigo sentar no sofá e relaxar. Se Ryan (o treinador dele) estiver lendo algo para mim em voz alta pela primeira vez, nunca vai entrar na minha cabeça. Preciso ver fisicamente, e repetir", afirma. "Amo o que faço diariamente. A emoção que você sente depois de um bom treinamento é enorme. É muito raro ter um dia ruim".
"Se estou fazendo algo, sempre me comprometo 100%. Posso demorar um pouco para chegar lá, mas vou fazer as coisas adequadamente, e não sem convicção, o que é uma ferramenta valiosa na vida cotidiana", explica.
"Às vezes, fico muito ansioso quando um treino ou competição importante está chegando", diz ele. "Mesmo que ainda falte muito tempo, meu estômago fica incomodado ou perco o apetite por alguns dias. Não é uma posição agradável para se estar, mas aprendi como reconhecer e administrar isso. Às vezes, tenho muito medo de ficar doente, porque não quero perder nenhuma oportunidade na piscina. Pesquiso meus sintomas e deixo todos os remédios prontos para uso", relata. "Preciso que o médico me diga: 'Não se preocupe com isso, James'. Se esse apoio não existisse, eu realmente teria dificuldade de lidar com isso sozinho", conclui.
"Minha noiva, minha mãe, meu pai e irmão sempre me apoiaram. Eles entendem que tenho TDAH, e não se importam com isso. Eles me amam por quem eu sou. Veja os atletas que estão indo muito bem. Há muitas questões de saúde mental porque estamos encapsulados nesta bolha em que não sabemos o que é a vida real. Nos submetemos à dor todos os dias. Não é normal, e não é como acredito que a vida deva ser vivida".
"Eu diria ao James de 12 anos para… fazer um teste de TDAH", ri o nadador.
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