
Por que a maconha é doping?
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O problema do uso de drogas entre
atletas dos mais variados níveis e classes sociais vem aumentando nos últimos
anos. Segundo estudos realizados nos EUA e na Europa, o álcool lidera a lista
de usuários e a maconha aparece na segunda colocação, à frente do tabaco.
A maconha
ultrapassar o tabaco neste indesejável ranking, obviamente, acende um sinal
vermelho. Primeiro, porque fumar é danoso para qualquer indivíduo; segundo,
porque ainda existe dúvida se a maconha e suas substancias podem conferir
alguma vantagem atlética e terceiro, porque fere o princípio do espírito
esportivo. Esses três motivos, são mais do que suficientes, para encaminhar a
resposta do título.
Mas vamos
entender melhor isso tudo! Considerada ilícita em grande parte do mundo, a
maconha é classificada como uma droga de uso recreativo. Assim, os testes
antidoping para ela são realizados apenas em períodos de competição, como
acontece, também, com a cocaína. Ambas incluídas na lista de substancias proibidas da
Agência Mundial Antidoping (WADA).
Sabe-se também que o exercício
intenso, por si, é um grande fator de estresse no organismo sendo capaz de
gerar inúmeras reações inflamatórias. Um dos grandes efeitos da maconha
encontra-se na diminuição da inflamação,
consequentemente, reduzindo a dor. Este é um ponto de discussão importante já
que a droga poderia ser usada como um painkiller por atletas para
acelerar a recuperação de dores musculares ou de lesões crônicas. Ambas as substancias,
o THC e o CBD, estariam envolvidas nesse processo de controle da inflamação.
Infelizmente, ainda não existem estudos em humanos sobre o impacto dos
canabinóides na recuperação pós-treinamento.
Assim, se a
maconha diminui a dor, ela atua também na redução da tensão muscular, ajudando
no relaxamento do individuo para encarar competições importantes, mas
dependendo da magnitude desses efeitos, isso pode jogar contra.
Uma fraca
evidência científica aponta que a maconha promove a dilatação dos brônquios, o
que facilitaria a respiração durante o exercício, sendo um fator de vantagem
para o atleta, logo, seria considerado doping. Apesar do estudo ter sido realizado em 1978
usando pacientes asmáticos e não atletas, a WADA o considera como referência,
uma vez que são poucos os estudos científicos com humanos na área.
Por outro lado,
alguns estudos observaram efeitos negativos da inalação da maconha na
capacidade física de trabalho bem como uma redução do tempo de exercício em
6,2% em indivíduos sob o efeito da droga, comparado com aqueles que não a
usaram. O problema é que essas evidências foram consideradas fracas pelos
cientistas, uma vez que o número de indivíduos usados nas pesquisas era pequeno
e a concentração da droga baixa. Nas décadas de 1970 e 1980, as plantas tinham
por volta de 3% de THC, apenas, comparadas com as atuais, que foram manipuladas
para chegarem a quase 20%.
Ainda, a maconha parece induzir
aumento da pressão arterial sanguínea durante o repouso aumentando a frequência
cardíaca durante o exercício, ou seja, levando à taquicardia. Essas seriam
respostas ruins para o atleta com impacto direto na performance.
A punição para os atletas pegos no exame antidoping para o THC, acima do
permitido, não costuma ser pequena, podendo variar de um ano ao banimento no
esporte, em casos reincidentes. Já houve um período de tolerância mais baixa
para a maconha e seus metabólitos no esporte, quando a concentração limite
prevista no organismo era da ordem de 15ng/ml.
Um caso que desafiou esse limite da
concentração da droga no organismo aconteceu em 1998, na Olimpíada de Inverno,
no Japão. O canadense Ross Rebagliati havia ganhado uma medalha de ouro no
snowboarding, mas acabou tendo esse título retirado pelo Comitê Olímpico
Internacional quando foi detectada uma quantidade de 17,8ng/ml de um metabólito
da maconha no seu exame antidoping. O atleta alegou que não havia usado a droga
e que o teste tinha sido positivo em decorrência da inalação indireta da fumaça
de outras pessoas que usavam a droga ao seu redor. Um fumante passivo. De fato,
estudos comprovam que a inalação passiva pode acusar a substância no sangue ou
na urina, mas muitas variáveis interferem neste caso. De qualquer maneira, Ross
acabou recuperando a medalha e o posto de campeão olímpico, depois de apelar na
Corte Arbitral do Esporte baseando-se em estudos científicos sobre inalação
passiva e contaminação cruzada já estudados à época.
De qualquer maneira, o uso da maconha
é ilícito. Fumar causa câncer e enfisema pulmonar. Leva à dependência. Causa
deficiência cognitiva, principalmente, no jovem. Aumenta a chance de crises de
ansiedade, depressão, irritabilidade, insônia... Nada disso combina com esporte!
Fonte: Luiz Felipe Prota in:
SporTV
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Franklin Rodrigues
É graduando no curso de Educação Física/UFRN, árbitro nacional de Águas Abertas nível B da CBDA e de Natação pela FAN. Coordenou equipes em competições nacionais, com curso internacional de treinamento em natação competitiva. É bicampeão brasileiro de Águas Abertas, medalhista sul-americano master e vice-campeão do Circuito Nacional de Águas Abertas de 2024. Realizou o sonho pessoal de presenciar os Jogos Olímpicos Rio 2016 e apoia as futuras gerações de nadadores do RN e do Brasil.
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