A menos de
dois anos para o início dos Jogos de 2020, Tóquio vai, aos poucos, ganhando uma
cara olímpica. Entre obras, a capital japonesa caminha para se tornar uma
cidade cada vez mais sustentável, com iniciativas ecológicas que,
necessariamente, passam pela Olimpíada e pela Paralimpíada. A ideia é aproveitar
o lixo eletrônico do país; só o ouro e a prata contidas nos dispositivos
correspondem a 16% e 22% da oferta global dos materiais.
Um exemplo disso são as mais de cinco
mil medalhas que serão distribuídas no megaevento: elas serão produzidas a
partir de lixo eletrônico descartado. Desde abril de 2017, autoridades
municipais estão coletando celulares usados e outros eletrônicos em lojas,
agências de correio e até em domicílio.
Até agora, o Comitê Organizador dos
Jogos, o Ministério do Meio Ambiente, a prefeitura de Tóquio e uma operadora de
telefonia já receberam mais de três milhões de peças, que somam cerca de 14 mil
toneladas de material eletrônico. Mais de 70% das cidades japonesas aderiram à
campanha, que vai até o primeiro semestre de 2019, caso a quantidade necessária
não seja atingida antes.
“Acredito que reunir o povo japonês para participar do projeto de medalha de Tóquio 2020, que simboliza a conquista de um atleta, é uma ótima maneira para o país anfitrião demonstrar seu compromisso com a sustentabilidade ambiental, além de assegurar que o público esteja ativamente envolvido nos preparativos para os Jogos”, conta o nadador japonês Takeshi Matsuda, dono de quatro medalhas olímpicas.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente do
Japão, as medalhas também contarão com 0,048 grama de ouro, 0,26 grama de prata
e 12 gramas de cobre. As de ouro devem ser banhadas com pelo menos seis gramas
de ouro puro. O Japão produz cerca de 650 mil toneladas desse tipo de lixo e apenas
100 mil toneladas são coletadas atualmente. Dessa quantia, parte é
reaproveitada para a produção de novos celulares.
Todo esse lixo
seria o suficiente para produzir todas as medalhas de ouro, prata e bronze para
os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Para efeitos de comparação, nas Olimpíadas
Londres 2012 foram utilizados 9,6 quilos de ouro, 1.210 quilos de prata e 700
quilos de cobre — o principal componente do bronze; só em 2014 o Japão reciclou
143 quilos de ouro, 1.566 quilos de prata e 1.112 toneladas de cobre.
A reciclagem na fabricação das peças não
é exatamente uma novidade e começou a ser usada nos Jogos Olímpicos de inverno
de Vancouver, em 2010. Na Olimpíada de 2016, as medalhas de prata e bronze produzidas
pela Casa da Moeda aqui no Brasil continham 30% de elementos reciclados.
O lixo
eletrônico se tornou uma grande preocupação ambiental. Segundo a ONU, essa é uma das maiores fontes de lixo do mundo, tanto nos países
desenvolvidos quanto subdesenvolvidos. Um estudo realizado em 2013 apontou que o volume global de descarte de produtos eletrônicos aumentou
em 33% até 2017, agravando o potencial de contaminação do solo e da água por
materiais como mercúrio e cádmio.
O Projeto Medalha Tóquio-2020 é parte de
uma estratégia conduzida pelo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, de
liderar a promoção internacional do desenvolvimento sustentável. O processo se
baseia no conhecimento do país em aproveitar recursos escassos na tecnologia de
ponta, que é marca nacional, e faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (SDGs), um conjunto de 17 metas voltadas para questões como:
pobreza, fome e segurança alimentar, água e saneamento básico, educação de
qualidade, igualdade de gênero, produção e consumo responsáveis, mudanças
climáticas e biodiversidade.
Obras a pleno vapor
De acordo com o último relatório
divulgado pelo Conselho Esportivo Japonês, o cronograma de obras está em dia. A arena será o palco da abertura das Olimpíadas e, com o
avanço das obras, deverá ser inaugurado em novembro de 2019. Os Jogos Olímpicos de Tóquio serão
realizados entre 24 de julho a 9 de agosto de 2020.
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