100 dias no mar? Conheça o maior feito náutico do mundo realizado por potiguares - Natação do RN

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100 dias no mar? Conheça o maior feito náutico do mundo realizado por potiguares

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Até a década de 1960, natação e remo andaram juntos, por serem modalidades aquáticas, só vindo a se separarem em 1970 com a criação da FAN. Antes disso, você sabe o que foi o "Raid Natal-RJ"? A SEEL/RN publicou que nos dias 26 e 27 de maio acontecerá um evento comemorativo aos 70 anos desse marco histórico do esporte potiguar e mundial, no Complexo Cultural da Rampa, em Natal/RN. Entrada gratuita!


O Raid Natal-RJ foi uma jornada épica que iniciou em 1952, mas só foi concluída em 1953, por um grupo de remadores potiguares, formado por: Ricardo da Cruz, Antônio Duarte, Luís Eneas, Walter Fernandes e Oscar Simões. Eles conquistaram reconhecimento internacional ao percorrerem quase 100 dias de remo no mar. Os remadores saíram do Rio Potengi, em Natal, e chegaram à Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro. Esse desempenho foi considerado o maior feito náutico do mundo pela renomada BBC de Londres.

Um evento comemorativo aos 70 anos desse marco histórico irá acontecer no Complexo Cultural da Rampa, no bairro Santos Reis, Natal/RN, com a seguinte programação:

  • Dia 26/05: Exposição Iole | 16h30 (segue até setembro)
  • Dia 27/05: Regata Heróis do Remo | 8h às 13h.

Um pouco de história
Numa manhã de domingo, 30 de março de 1952, cinco homens partiam de Natal rumo à Baía de Guanabara, no Rio Janeiro, e com esse feito entraram para a história do remo potiguar e mundial. No entanto, isso levou 20 anos para ser     concretizado. Desde 1932, aqueles cinco remadores haviam resolvido testar seu próprio potencial, ao saírem numa "iole" – embarcação esportiva a remo num “raid” Natal-Recife (de Natal até Recife/PE). A viagem foi um sucesso na época, e isso era só o começo.

O líder desta empreitada era Ricardo Severiano da Cruz, veterano do remo, poeta e funcionário público, natural de Rio do Fogo/RN, que junto com amigos se inspiraram na ideia do que ficou conhecido como o “Raid Natal-Rio de Janeiro”. A conversa entre amigos foi tomando corpo pela cidade, até conquistar apoio e admiração de várias autoridades.

Em 1937, já estava tudo pronto para a aventura começar. Porém, não conseguiram liberação do Ministério da Marinha, para realizar a viagem. E as justificativas eram várias, inclusive que era uma loucura, o que hoje continuaria sendo, não é?!

Já em 1952, o vice-presidente do Brasil, Café Filho, que era amigo dos aventureiros, conseguiu a autorização para que o "raid" desafiador fosse realizado. Depois de 16 anos de tudo ter começado, quando todos achavam que a ideia tinha “naufragado” e que já não se tinha mais idade para realizá-la, enfim ela ressurge com força total.

Da rampa do Sport Club Natal, às margens do Rio Potengi, partiram os cinco bravos tripulantes. A guarnição era formada por:
  • Ricardo da Cruz (63 anos),
  • Antônio de Souza Duarte (49)
  • Clodoaldo Bakker (59),
  • Francisco de Paula Madureira (44) e
  • Oscar Simões Filho (39)

Sem nenhuma tecnologia na época como se dispõe hoje em dia, os remadores revezavam suas posições noite e dia, mar afora, numa navegação costeira, beirando o litoral do país, tendo como referência as belas praias da costa brasileira, até seu destino final.

No percurso, em cada parada feita nas enseadas, os destemidos heróis potiguares eram recebidos com festas. Mas nem tudo foi alegria. Enfrentando mar revolto, o sol bem quente e as chuvas torrenciais, os homens chegaram a passar trinta horas sem pisar em terra firme. Chegou-se a pensar que eles não iriam resistir às intemperes.

Em 02 de junho de 1952, com o tempo em boas condições, o grupo chegou à barra de arrebentação, e uma onda violenta os atingiu partindo a iole ao meio. Com muita sorte, apesar das adversidades, os cinco se salvaram, nadando de volta para costa, a aproximadamente 11 km. Retornaram a Natal numa corveta da Marinha de Guerra.



Segunda tentativa
Mesmo com receios, aqueles homens não desistiram de retomar a aventura. Receberam então, apoio e colaboração e conseguiram construir uma nova embarcação, feita pelo mestre naval Luís Enéas, na oficina da Base Naval de Natal/RN. Em 18 de dezembro de 1952, a "iole" Rio Grande do Norte II estava pronta para ir ao mar.

Dois daqueles aventureiros da primeira embarcação desistiram de continuar a jornada: Francisco de Paula Madureira e Clodoaldo Bekker. Foram substituídos por Luís Enéas e Walter Fernandes (dono da empresa Água Mineral Santos Reis), sendo este último o tripulante mais jovem da iole (27 anos).

Os remadores e a nova embarcação saíram de Natal em 18 de janeiro de 1953, para concluir a epopeia, a bordo do caça-minas ‘Piranha’, com destino ao ponto em que haviam parado.


Sucesso!
A consagração do sonho foi em 21 de maio de 1953, com a chegada tão esperada e festejada na Baía de Guanabara. Após uma jornada de quase 100 dias de viagem, foram recebidos com todas as honras merecidas. Barcos da Marinha, remadores nacionais e internacionais, várias autoridades e um grande público que estava à espera dos “heróis do remo”, como ficaram conhecidos.

Foram recebidos pelo então vice-presidente do Brasil, Café Filho (que era natural de Natal/RN e foi presidente do Brasil de 1954 a 55). Foram prestadas várias homenagens, inclusive dos clubes de regatas locais. Os heróis potiguares retornaram à capital potiguar, recebidos com muita pompa. A BBC de Londres noticiou o fato como "o maior feito náutico do mundo".

Contudo, as expectativas do grande feito, com toda glória de uma viagem difícil e perseverante, não produziram reconhecimento financeiro. Com o passar dos anos, a epopeia marcante e heroica praticamente caiu no esquecimento, bem como o esporte náutico foi caindo em declínio em Natal/RN.

Fonte: Curioso

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