Faço
questão de transcrever uma matéria na íntegra e fazer minhas as palavras do
coach Alexandre Pussield, editor da Best Swimming, acerca da queda da
representatividade da CBDA com perdas de patrocínios diante
da prisão de dirigentes e acusação de diversos crimes investigados
pelo Ministério Público Federal, Justiça Federal e Polícia Federal. A natação do
Brasil ainda pode encontrar sua luz no fim do túnel:
Não sei qual foi a reação de vocês, mas ontem (06/04/2017), ao
receber as notícias das prisões e demandas da Polícia Federal fiquei atônito,
impassível, apavorado. Na hora, passava a mão sobre a cabeça várias vezes sem
conseguir assimilar o que se acontecia. Incrédulo!
O momento é grave, e durante o dia, as notícias só
fizeram piorar. Começar o dia com a prisão dos dirigentes da CBDA e terminar
com o rompimento unilateral do patrocínio dos Correios, foi duro.
As pessoas presas e todos os acusados terão suas
oportunidades de defesa. Sou daqueles que acredita na justiça e espero que tudo
seja apurado. Mesmo se tratando de prisões preventivas, pela dimensão do caso e
o tipo de acusação, estas pessoas estão fora para sempre dos esportes aquáticos
do país. Não há como ir contra isso.
Estão afastadas e enterradas todas aquelas teses
repetidas com frequência desde que todo este processo começou. Toda esta
operação não foi eleitoreira, além de pensar que Ministério Público Federal,
Justiça Federal e Polícia Federal pudessem ser utilizados por uma mera disputa
de interesses políticos, é abusar de nossa inteligência.
São acusações sérias, graves e preocupantes. 40 milhões
é muito dinheiro, fica até difícil acreditar que tal soma pudesse ser mal
utilizada ou desviada, mas 29 anos é muito tempo. Tempo demais!
Se foram cometidos crimes de peculato, associação
criminosa e fraudes a Lei de Licitações, é a justiça que vai determinar. O que
já está determinado e incontestável é a incompetência administrativa da gestão
dos esportes aquáticos no país.
São viagens canceladas, desde o Mundial de polo
aquático júnior em 2015 no Cazaquistão, o Mundial júnior de águas abertas no
ano passado, a Copa Latina no ano passado na Colômbia, os Brasileiros de
Inverno do ano passado e deste ano, o atraso no pagamento de árbitros por
quatro meses, o Multinations deste ano. São tantas promessas não cumpridas numa
entidade inchada e mal gerida que recebeu verba suficiente para estarmos num
outro patamar de gestão e perspectiva.
O fracasso da gestão Coaracy Nunes apaga as inúmeras
conquistas que ele conseguiu durante estes 29 anos. Ele, por mais que tenha
feito (e fez muito), jamais será lembrado ou reconhecido por isso. Fez da CBDA
seu quintal, onde de forma autoritária e sem pudor se instalou eternamente.
Suas contas foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas de União e sua gestão sai
manchada para sempre.
A crise dos esportes aquáticos só reforça a importância
e a necessidade da transparência, da legitimidade dos direitos e deveres e
mostra o quanto a alternância do poder é saudável.
Agora, não é tempo para um discussão de #MUDACBDA ou
#NÃOMUDACBDA. Agora é hora de uma NOVA CBDA. É a hora de nos unirmos e
encontrarmos soluções, ou vamos todos sucumbir e literalmente nos afogar. A
comunidade aquática não pode sair dividida deste processo. Precisamos encontrar
uma forma de nos reunir, sentar e discutir o futuro.
Sinceramente me preocupa entrar, ou para ser mais real,
seguir nesta briga eterna de processos, ações, liminares e apelações. Já
perdemos tempo demais. Os esportes aquáticos do Brasil não são a CBDA. Somos
todos nós! Atletas e ex-atletas, treinadores, dirigentes, clubes, federações,
imprensa especializada, comunidade aquática. Nós é que precisamos nos unir e
sair desta.
Este ano, enquanto não acontece nada na CBDA, estive no
Campeonato Brasileiro Escolar, em Aracaju, num show de organização da CBDE.
Prestigiei o Campeonato Guilherme Guido em Limeira com presença de mais de 600
atletas. Aracaju realizou outro fantástico Festival CVC de natação para jovens
atletas, mais de 500 nadadores. O SESI de São Paulo aprimorou e iniciou uma
nova fase da Liga SESI reunindo centenas de atletas com um projeto comprometido
com a formação. Thiago Pereira, mesmo aposentado, quer investir no sonho de
seguir fazendo seus Swim Camps e sua competição. Cesar Cielo vem com um novo
projeto por aí.
Achei fantástica a iniciativa do Minas Tênis Clube em
promover a sua disputa interna na realização dos torneios Metropolitano.
Conseguiu criar um clima de rivalidade sadia entre os próprios atletas com
promoção e divulgação do esporte.
E tem mais, o Polo Aquático Brasil já iniciou sua temporada num projeto vitorioso e que precisa ser levado adiante. Enquanto escrevo este editorial, viajo para Recife onde irei acompanhar o Festival Nordestinho Mirim e Petiz. Não podemos parar…
As federações precisam arregaçar suas mangas e cair em
campo. A hora é de trabalhar. Atletas devem treinar mais do que nunca,
treinadores precisam planejar e programar ainda mais. Precisamos buscar
soluções e um projeto para sairmos desta mais forte.
Isso não é discurso político. Não sou candidato a nada,
sou apenas como todos vocês que me leem, eu sou a natação brasileira, todos
somos, e precisamos sair disso tudo juntos. Nós é que somos a natação
brasileira!
Fonte:
Franklin
F. Rodrigues
Editor,
escritor e administrador do blog.
Atleta amador
de natação competitiva, com vasta experiência em treinamento pessoal aplicado
com resultados otimizados, formação em curso de natação competitiva
internacional e arbitragem oficial de natação. Como espectador, participou de
um de seus maiores sonhos na natação – Jogos Olímpicos Rio 2016, e apoia as
futuras gerações de nadadores do Brasil.
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