O que eu vi das olimpíadas - A conquista - Natação do RN

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O que eu vi das olimpíadas - A conquista

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Os jogos olímpicos foram um marco na história do Brasil, a primeira vez que um evento de proporções universais foi sediado na América Latina. Durante os dias 05 a 21 de agosto, o Rio de Janeiro recebeu atletas, comissões técnicas, turistas dos mais de 200 países do planeta, e ainda foram transmitidas pela TV e redes sociais todas as emoções das disputas e apresentações dos atletas e equipes. Acompanhar de perto, ou melhor, por dentro dos jogos olímpicos além de um privilégio, tornou-se uma realização.

Foto: Arquivo pessoal



Não seja por coincidência ou súbito propósito do destino, em 1992 ano das Olimpíadas de Barcelona foi exatamente o ano em que eu ingressei nas primeiras turmas de aprendizado da natação no SESI. Até aquele momento, havia a simples curiosidade e a admiração por quem sabia fazer deste esporte um dos mais belos e por outro lado, a vontade tão simples de apenas saber nadar. Condição nenhuma ou súbito propósito me colocaria na linha de treinamento voltado para os grandes atletas de elite, uma vez que até mesmo por imposição de uma súbita mentalidade ditatorial, o individualismo de um atleta visto na piscina esconderia toda a comissão técnica necessária para levá-lo ao pódio. Ou seja, na contramão do destino, a mentalidade reinante era de que a individualidade por si só seria passaporte para o brilho de um atleta nas olimpíadas, porém o que se constata é que natação não seria um esporte tão individualista assim que não precisasse que diversas condições concorressem para o auge de um atleta.

Apesar de no ano seguinte conhecer um dos maiores técnicos de natação do Brasil (senão do mundo), desenvolver o nado numa das melhores equipes de natação da época ainda fazia parte de uma formação de personalidade orientada por sonhos e realizações. Galgar degraus naqueles campeonatos estaduais simulou situações da vida em que lembrar aquelas frases dos meus ex-técnicos Zezé (+1998) e Amaro Jordão evocaram lições que jamais se esquece. Uma delas, talvez a mais irônica, revelou um destino convertido pela influência política para que o Brasil se tornasse sede de uma Olimpíada.

Pela quantidade de destaques daquela equipe já em meados de 1997, era preciso incentivo rumo aos índices olímpicos daqueles garotos de 14/15 anos. E após uma exclusiva reunião com todos eles, Zezé passou por mim, eu não aguentei aquele momento e lhe disse com convicção: “Zezé, quem vai para as olimpíadas sou eu!”. Ao que ele respondeu: “Treine que você consegue!”. Um ano depois, o choque contra o esperado: Zezé partiu. Os anos se passaram, e aquela consternação momentânea em relação ao surto diante da morte de Zezé passou a ser entendida como uma das mais autênticas ironias do destino.

Foto: Arquivo pessoal



Ironia por saborear aquele ditado popular: “Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé”. E principalmente quando de ironia quem mais entende de destino é Deus. Desde quando as olimpíadas foram conquistadas pelo governo do ex-presidente Lula, eu vibrava interiormente e dizia comigo que enfim realizaria um sonho de infância, tão mais acessível quanto alguns sacrifícios pessoais. Que houvesse uma longínqua pretensão anos após anos de apenas tocar naquelas barras metálicas do peitoral da arquibancada de uma piscina olímpica. Não por uma insinuação idolátrica, mas por intuir aquele legado de Zezé que se resumiria naquela promessa de estar dentro de uma olimpíada.

Uma intuição levada a sério, de um sabor inigualável na mais profunda vontade de gritar: “Eu consegui!”. Não podia ter ido à montanha, mas a montanha acabou vindo a mim; de lá de cima do cume nem foi preciso gritar “ao pé da letra” que eu consegui, pelo eco que se tornou aquela realização de um sonho infantil.



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