Homenagem evoca legado deixado por José Renato "Zezé"

A homenagem prestada no último dia 07 de maio, durante a 2ª fase do Campeonato Estadual Absoluto de Natação, a um dos maiores técnicos de natação do Brasil não ficou apenas em gestos. Ex-atletas de Zezé (+1998) juntaram-se no intuito de voltar a praticar o melhor esporte do mundo: a natação. Fato é que alguns poucos estão no ambiente aquático há alguns anos: uns dando aulas, outros defendendo o Estado diante do Brasil agora na categoria máster. O legado de Zezé não só fez surgir vencedores, mas impulsionou amizades incríveis nesse esporte tido como individual.

Todos sabemos que a natação é um esporte predominantemente individual. Isso, se o atleta desde o início for jogado de um lado da piscina para bater perna à sua maneira. Mas, e se aquele técnico conseguir tornar o que seria individual uma parte tão essencial de um todo, quanto cada membro da equipe sentir-se totalmente dela?! Esse técnico era potiguar, teve experiência própria dentro d’água como atleta e se chamou José Renato, o Zezé.

Créditos: Franklin Rodrigues
Arquivo pessoal


Durante o revezamento 7x50m (sete por cinquenta metros) formado pela maioria dos ex-atletas de Zezé presentes em sua homenagem, o pequeno Renato José fechou a prova, atravessando seus primeiro 50 metros a nado. Filho de Renata Carvalho e Marco Célio, Renato não está só, sua priminha Melina já nada e participa do Circuito de Escolinhas na categoria Mirim.
 
Renato José atravessou seus primeiros 50m
em homenagem a seu avô Zezé


Ao ver toda a antiga equipe do SESI ali reunida, Renata Carvalho, filha de Zezé se emocionou e disse que “o tempo não apagou as belas lições que um técnico passou para seus atletas. Todos continuam vencedores, determinados, disciplinados e amando a Natação”. Tamanha foi sua satisfação em ver a gratidão daqueles que tiveram em Zezé um grande exemplo de homem e desportista.

Sem palavras para mensurar toda emoção sentida hoje, abraçar a maioria de vocês foi como voltar no tempo de uma época maravilhosa. Essa é a maior prova de que o esporte eternizam as amizades, salva vidas e destrói barreiras de distância. Tudo isso foi provado numa manhã ensolarada de sábado. Festejar e homenagear alguém que tanto fez pelo nosso esporte que como poucos, conseguia viver e respirar NATAÇÃO por 24 horas do dia”, afirmou.


Renata (óculos), seguida de Mariana e Juliana,
filhas de Zezé


Tenha certeza de que muitos que ali estavam fizeram a mesma pergunta: Quem haverá sido essa pessoa que depois de tanto tempo que se foi deste plano, consegue ter tanta demonstração de carinho e gratidão pela pessoa que foi? Seu nome era Zezé. Obrigado por essa iniciativa maravilhosa, de eu ter podido rever a tantos que habitam eu meu coração.

Créditos: Franklin Rodrigues
Arquivo pessoal


José Renato falecido em 10 de julho de 1998 após lutar contra um câncer no fígado foi casado com Fernanda Carvalho e pai de Renata, Juliana e Mariana Carvalho. Hoje seria avô de Melina, Renato José, João Pedro, Daniel e Caio José. Dedicou 24 horas do dia à natação. Segundo relatos de ex-atletas, Zezé havia transformado a equipe assim que assumiu o SESI por volta do ano 1979, após ter passado pouco tempo como técnico de natação do América. Era conciso e preponderante em suas convicções objetivas, sempre buscando otimizar ao máximo a capacidade que cada atleta podia contribuir com a equipe. Se por um lado alguns o achavam rigoroso no método de treinamento, por outro foi assim que Zezé produziu os maiores nomes da natação do Estado, como Lawrence Borba, vice-campeão brasileiro e vice-campeão mundial máster.

Créditos: Franklin Rodrigues
Arquivo pessoal


Não só isso, Zezé sabia provocar competitividade tanto de seus atletas, quanto de seus adversários. E foi esse clima de alta competitividade que também fez surgir diversos outros nomes da natação potiguar, embora não estivessem dentro de sua equipe, mas indiretamente foram instigados a evoluir, como Ana Catarina Scherer (recordista sul-americana por 08 anos no 100m Costas), Rômulo Jordão (quebrou recordes de Lawrence e foi campeão norte-nordeste absoluto), Luiz Eduardo – Luizinho (quebrou recordes de Rômulo e foi bronze no mundial militar), dentre outros. A “era Zezé” marcou época da natação potiguar.

Créditos: Franklin Rodrigues
Arquivo pessoal


O centésimo era testemunha de que uma chegada mal feita ou uma saída sem reflexo iria figurar o atleta na 2ª colocação. Para Zezé, não bastava bater em primeiro, o sentido da disciplina da natação estava em vencer os próprios medos diante de desafios que prefiguravam diversas situações da vida. Alguns de nós demoramos a perceber isso: esse valor que a educação imprime ao repetir diversas vezes aquela série. Foi nesse sentido que seus ex-atletas demonstraram gratidão a alguém que deixou um legado de amor à natação, para a História do esporte do Rio Grande do Norte e do Brasil.

Créditos: Franklin Rodrigues
Arquivo pessoal


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