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O esporte paralímpico, o estigma da incapacidade, os super homens e o impossível

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O estigma da incapacidade faz com que pessoas com deficiência encontrem barreiras invisíveis, embora claramente percebidas, ao seu acesso à educação, ao trabalho e ao igualitário convívio social.

Créditos: Memória Paralímpica



Quem, como eu, tem muitos amigos com deficiência já passou por diversas situações onde esse estigma da incapacidade é expresso. É muito comum, por exemplo, num restaurante, o garçom, depois de pegar o seu pedido indagar a você: "E ELE o que vai querer?" Na loja de roupas, eles perguntam a você: "O que ELE está procurando?", "Qual a cor que ELE quer?


O "ELE" não sou eu e não é você. O "ELE" é o outro, o distante de nós, o "DIFERENTE". Em síntese, O "ELE" é aquele que seria incapaz até de manifestar coisas tão simples como escolher o que quer comer, beber ou vestir, isso numa sociedade absolutamente desinformada  sobre as deficiências, suas diferenciações e, principalmente, sobre a capacidade das pessoas com deficiência atuarem com eficácia e excelência em diversas áreas da vida em sociedade, no trabalho, na área acadêmica, nas artes, na cultura e no esporte.

Pode até parecer absolutamente contraditório, contudo, ao apresentarmos os atletas paralímpicos como super humanos capazes de transformar o impossível em possível, capazes de transformar o inimaginável em realidade e capazes de transformar uma pressuposta incapacidade em expressivos resultados esportivos estamos, de fato, utilizando como base o mesmo estigma da incapacidade. Estamos reforçando-o ao apresentarmos esses atletas como exceções que viriam a reforçar a regra geral da incapacidade, o maior limitador das oportunidades oferecidas às pessoas com deficiência.

O esporte paralímpico deve ser percebido como um importante elemento, embora não o único, de uma alteração da visão social ainda inadequada em relação a todas as pessoas com deficiências, como veículo da qualidade de vida e como modelo às pessoas com deficiência do potencial de realizar, de fazer e de obter sucesso.

Não são super homens, não trabalham no âmbito das impossibilidades, mas sim no âmbito da superação, no âmbito do desenvolvimento do seu potencial desportivo, no âmbito das suas capacidades e no âmbito da quebra de preconceitos e estigmas limitadores. Enfim, trabalham como agentes de um movimento mais amplo, a luta das pessoas com deficiência pela igualdade com respeito às diferenças.

O esporte paralímpico não é uma vitrine de exceções.

Por: Antonio Menescal




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