Papo de master – Potiguar ontem e hoje - Natação do RN

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o melhor da natação potiguar

Papo de master – Potiguar ontem e hoje

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Originalmente, a natação do Rio Grande do Norte pode ser referida como “natação potiguar”. Mas, por que essa designação? Esse questionamento surgiu a partir de uma simples observação do confronto entre duas crianças em que uma delas debochava da outra em forma de bullying por ter nascido no RN. Algumas informações devem ser esclarecidas de modo a causar principalmente nos novos nadadores potiguares a satisfação de fazer parte de uma família.

Foto: Arquivo Prefeitura de Natal


Muito embora parte de nossa história possa ser contada fielmente nos livros, partimos do fato de que bem antes de o Brasil existir, já havia nadadores entre rios e lagos em nossa terra – diga-se de passagem, os originalmente nadadores potiguares. Há registros que em torno de 1918 (há um século), competições de natação em águas abertas eram organizadas pela Marinha às margens do Rio Potengi, em Natal/RN. Nossa relação com as águas, portanto, vem de muitas gerações atrás.

Entre um prato de salmão e qualquer outro de camarão, qual sai mais caro? É evidente que o sabor do camarão excede em valor atribuído. 98% do camarão produzido no Brasil são do Nordeste, sendo 42% só no Rio Grande do Norte – o estado que mais produz camarão em todo o país, segundo reportagem do Globo Reporte (link). E por que o camarão entrou na conversa? Porque para quem não sabe, na língua tupi “Poti” significa camarão.

Comparado a outros seres marinhos como o tubarão, por exemplo, o camarão jamais enfrentaria uma disputa de igual para igual. No entanto, não é comum alguém saborear carne de tubarão, enquanto a maioria absoluta das pessoas adora comer camarão (ao alho e óleo, à grega, bobó etc.). Muitas outras características como, por exemplo, um soco de um camarão poder quebrar a carcaça de um caranguejo no fundo do mar, poderiam ser enumeradas. No entanto, queremos elucidar sua relação com a palavra de origem da língua encontrada quando Portugal chegou ao Brasil. E com isso manter o respeito devido às nossas origens.

Foto: Ricardo Alexandre

Diariamente, somos bombardeados por uma enxurrada de informações que trazem sempre alguma relação cultural parcial ou total da língua inglesa. Escolhemos valorizar a cultura inglesa não só por imposição da globalização, como também por necessidade – e isso talvez desde o final da 2ª Guerra Mundial. Há pontos positivos nisso – o que não vem ao caso, porém não haveria porquê envergonhar-se de sua própria terra, de sua própria gente, de sua própria cultura, aceitando o bullying contra a palavra “potiguar”.

Poderíamos nos sentir na retaguarda do desenvolvimento econômico das Américas, se nos compararmos a EUA e Canadá. Mas, eles mesmos têm um histórico de lutas e valorização da sua própria gente, para hoje gozarem da influência que têm, quando é necessário um nadador brasileiro ter que ir pra lá, para se sentir num ambiente menos desvalorizado no esporte. Acreditamos que a composição química da água em H2O lá nos EUA seja a mesma em nossas praias, lagoas, mares, rios e piscinas.

E uma coisa muito notável e bonita foram as comemorações de duas conquistas da natação brasileira, em que os atletas mostraram o jeito de ser essencialmente brasileiro. Uma foi quando Cesar Cielo conquistou o ouro com recorde olímpico no 50m Livre em Pequim 2008 e a outra foi recentemente, quando o revezamento 4x200m Livre Masculino do Brasil conquistou o ouro com recorde mundial em Hangzhou na China. Deu pra ver o brilho nos olhos por ser brasileiro – isso a nível mundial.

Envergonhar-se de suas origens é algo que foi rompido pelos nadadores Anthony Nesty, campeão olímpico negro de um país emergente da América Central chamado Trindade e Tobago, e Kirsty Coventry, também campeã e recordista olímpica de um país emergente africano chamado Zimbábue. Levar a bandeira de seu país ou de sua equipe ao subir ao pódio é algo que tem significado muito maior.

Para catapultar a vitória na 2ª Guerra Mudial, Natal foi a base militar essencialmente estratégica que determinou hoje as conseqüências da globalização. A nível de Brasil, Natal foi a primeira capital a ter um código de obras irrepreensível que serviu de base para as demais capitais. E recentemente, contestações foram apresentadas sobre o descobrimento, indicando que o Brasil nasceu por aqui, sim senhor.


O potiguar é receptivo, é gente que enfrenta dificuldades com um sorriso no rosto. O potiguar é pacificador, sim, é tanta beleza nessas praias e terra que Deus nos deu, que ele prefere nem discutir muito e oferece um dos melhores tranquilizantes que é água de coco a qualquer turista, venha de onde vier. Ser potiguar ou chamado de “potiguar” deve ser motivo de orgulho tanto pela relação da palavra com sua origem, quanto por inúmeros títulos e exemplos de amor ao esporte que temos.

Um deles é o ex-nadador potiguar Clodoaldo Silva, que tem sido um dos maiores promotores da natação paralímpica. Clodoaldo foi o primeiro potiguar a levar nossas origens ao lugar mais alto de uma paralimpíada em Atenas 2004. Também foi embaixador dos Jogos Pan e Parapan-Americanos 2007 e teve a honra de ascender a pira olímpica nas Paralimpíadas do Rio 2016.

Outro  maior destaque de nossa natação é o potiguar Marcos Macedo campeão mundial pela equipe do Brasil no revezamento 4x100m Medley Masculino e atleta olímpico Rio 2016. "Marquinhos" tem um vasto currículo de conquistas dentre competições nacionais e internacionais.

Poderíamos citar ainda diversos outros nadadores que têm abrilhantado participações em competições Brasil à fora, hoje como grandes destaques tanto nas categorias absoluto, como para-atletas e másteres. Contudo, a questão do bullying deve sim ser levada à sério, não apenas buscando justificar o que temos de melhor em nossa terra, como também superando tensões que poderiam excluir diversos novos talentos.

Quando o bullying surge, ou estamos preparados para transformá-lo em oportunidade de vitória esmagadora ou jogamos fora um talento diferente e próprio de ser potiguar e brasileiro.



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