A
seleção de natação do RN formada por atletas filiados à federação esteve em
Recife/PE participando do Torneio NNE – Troféu Dr. Milton Medeiros nos dias 30
de junho e 01 de julho, mas tudo bancado praticamente pelos próprios pais dos
atletas e a FAN. O evento previsto no calendário oficial da maior entidade dos
desportos aquáticos do país – a CBDA deu 02 troféus à seleção do RN somados a
23 medalhas com ótimos desempenhos de superação tanto no individual quanto por
equipes de revezamentos. Confira uma simples entrevista com a presidente da
federação, Rosileide Brito, e o secretário adjunto da SEEL, João Pessoa (o “Joca”),
sobre a atual situação de apoio que a natação potiguar carece.
As
entrevistas se deram com Rosileide Brito no dia 27 de junho, com o secretário
João Pessoa no dia 19 de julho, com tréplica de Rosileide no dia 21 de julho. É
de fundamental importância que você acompanhe o momento delicado entre política
e esportes. As opiniões aqui publicadas são de responsabilidade do autor do blog,
Franklin F. Rodrigues.
A
princípio, a presidente da FAN falou das dificuldades para compor a estrutura
que iria receber o Torneio Nordeste ainda em maio, nos dias 26 e 27:
Rosileide:
“Pra eu fazer o
Torneio Sérgio Silva – o Nordeste – aqui (em Natal), eu fui lá (na SEEL) pedir
a estrutura, uma ajuda de tenda, isolamento... que normalmente todo Estado tem,
mas nem isso eu consegui”
Sec. João Pessoa:
“Nós realizamos
o ‘litoral esportivo’, realizamos os jogos da maturidade, realizamos o JUVERNs,
realizamos apoios também, mas nesta condição que essa federação apresentou a
solicitação, nós estávamos impossibilitados de atender. Por quê?! Não é por questão
financeira, mas nós atendemos a federação dentro do que é possível, dentro das
possibilidades que temos. A federação (FAN) é uma grande parceira da secretaria
(SEEL), ela desenvolve conjuntamente com a secretaria os jogos da juventude. E
os jogos da juventude é o evento “carro-chefe” da secretaria de esportes”.
Sobre
a licitação que daria condições de apoio à federação durante o Torneio
Nordeste, continuou o sec. João
Pessoa:
“A SEEL tem uma
dotação orçamentária que é parte do tesouro do Estado e parte de Receita
Federal que são os valores que vêm dos jogos que da loteria esportiva. Esse
procedimento que vem dos jogos da loteria esportiva prioritariamente é pra
atender jogos escolares (escolas públicas). Os campeonatos interfederativos, os
campeonatos federativos, pra fazermos esse apoio, nós teríamos que dispor de
recursos e dotação orçamentária na fonte do tesouro do Estado. E essa fonte do
tesouro do Estado está totalmente comprometida diante das dificuldades que nós
estamos passando. Dificuldades que nós, o Brasil, volto a dizer, mas o Governo
está somando todos os esforços pra garantir um superávit e sairmos dessa
situação que estamos hoje em dia”.
Sobre
isso, respondeu Rosileide:
“Com relação à
gente pedir os eventos, eu pedi tudo com antecedência. Em fevereiro eu já fui
pedir esse apoio, o evento era em maio. Eu fui com bastante antecedência e o
que eles disseram com relação à estrutura como eu disse a você, é que eles
tinham feio uma licitação, mas que nesses dois meses (janeiro/fevereiro) já
tinham usados todos os equipamentos que foram licitados. E não sabiam quando ia
ter a outra. Incrível, né?! Mas tudo bem. Com relação à seleção, (...) ninguém
queria fazer pro governo do Estado, porque o governo não paga. A gente pediu
com bastante antecedência, porque exatamente se não tivesse, eu tinha que me
virar daquela forma como me virei, né?!”
O
sec. João Pessoa fez uma observação
sobre como as dificuldades governamentais não têm mudado com o tempo:
“Eu estive já na
federação de natação em 1995, eu estive à frente da federação juntamente com
Sérgio Teda, mas o problema que nós tínhamos na época e o problema que nós
temos hoje são os mesmos, são as dificuldades. Isso tudo reflete em quê? Nós
temos menos de 01% (um por cento) do PIB pra tratar o esporte no país. Sendo o
esporte a ‘mola-mestra’ pra melhoria de tudo: na saúde, na educação, na
formação cidadã... (...) A presidente da federação, a nossa querida Galega, ela
é uma pessoa maravilhosa, o momento é que na situação exposta por ela, nós não
tínhamos a condição, a secretaria não apoiou, porque não queria; a secretaria
não apoiou, porque não tinha de onde garantir o recurso. (...) Então o problema
dela tecer a crítica... mas a crítica é clara porque está aí a dificuldade. O
momento que nós estamos vivendo hoje nos impossibilitou de colaborar com a
estrutura, mas acredito e tenho fé que essa situação que nós estamos passando
nesse Brasil vai melhorar”.
Além
do Torneio Nordeste realizado aqui em Natal, outro grande evento regional – o Torneio
NNE – teve participação da seleção do RN em Recife/PE, nos dias 30 de junho de
01 de julho. Sobre a participação da seleção do RN, Rosileide falou:
“Fui atrás do
ônibus pra levar a delegação pra Recife/PE: também nada [resposta do governo].
Não tem nenhuma agência que queira fazer trabalho pro Governo do Estado, porque
o Governo do Estado não paga. (...) Infelizmente, a federação procurou o
Governo do Estado na SEEL, atrás do ônibus pra Recife. (...) Infelizmente, a
federação procurou o Governo do Estado (não só pro ônibus pro NNE) pra
estrutura do Torneio Sérgio Silva, mas o Governo do Estado disse que não tinha
condições de ajudar. Até porque os meninos vão [foram] às custas do patrocínio
dos pais, ninguém tem apoio nem patrocínio de ninguém”.
O
sec. João Pessoa,
respondeu:
“A situação é a
mesma. Ao tempo em que ela (Galega) solicitou, nós não tínhamos um procedimento
licitatório e não tínhamos o recurso oriundo da fonte a qual abasteceu o
Estado, que se destinaria a garantir esse apoio. Então, hoje nós temos
condições de estarmos realizando os jogos da juventude, nós temos condições de
estar garantindo dignidade aos nossos atletas hospedando nos hotéis de Natal
[atletas oriundos das cidades do interior], porque a fonte de recurso que
garante esse procedimento não é a mesma que seria direcionada ao transporte
para o pessoal se deslocar daqui pra Recife e também a questão da estrutura. (...)
A nossa situação primeira são os jogos escolares da juventude. Então, o apoio à
federação e o apoio às instituições com premiação, com estrutura, com o que for
necessário, a gente faz. Mas só o faz quando a gente tem a condição de recursos
pra fazer. O momento que estamos passando é de muita dificuldade. Tá claro
isso. Mas não é só o Rio Grande do Norte. Agora, nós precisamos sim também,
instituir uma política pública que traga incentivo”.
Acompanhe
a continuação desta entrevista na próxima matéria com assuntos sobre: corrupção,
plano estadual do esporte, custeio da federação, extinção de clubes de natação
e parques aquáticos públicos. Se gostou, curta e compartilhe:
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