Aconteceu durante as provas de Águas Abertas: 02 atletas do RN foram inediatamente desclassificados durante competição a nível nacional. E quando se pergunta o motivo das desclassificações: o simples desconhecimento de regras básicas da modalidade de Águas Abertas.
Puxar a raia seria normal para um nadador de piscina? Tocar no fundo da piscina dando impulso adicional? Aquela típica virada de borboleta/peito com um braço por cima e o outro submerso, quando o submerso não toca paralelamente a borda... Fácil decorar essas regras da natação em piscina? E em Águas Abertas?
Participar dos Jogos da Juventude a nível nacional envolve investimento financeiro derivado de nossos impostos através dos programas de incentivo do governo. Não se trata de uma competição de clubes, em que atletas e técnicos representam entidades com interesses particulares. Se vai representar o RN a nível nacional em Brasília, que pelo menos honre o incentivo financeiro investido.
Não se trata de falsa demagogia em torno do "vencer-perder". Competição é pra isso mesmo, uns tocam na frente, outros cumprem as regras e outros "tapam buraco" de forma lamentável. Se aquele atleta tem talento pro nado de peito, por que colocá-lo em provas de 400? Se o outro nada bem os 50 borboleta, por que colocá-lo nos 1.500? Agora, imagine 5 mil metros nadados, sem raia, sem borda, sem visibilidade do fundo e longe de toda a sua torcida. Águas Abertas poderia ser pra todos, se cada um assumisse os riscos da modalidade a partir do que seu técnico seja capaz de orientar. De modo contrário, repito: por que colocar um especialista de peito em provas de 400?
Não se trata de jogar fora um talento, se aquele talento não se desenvolve em seu ambiente natural. Aquele típico "coitadismo" pra completar a prova nem sempre surte efeito positivo, como no caso dessas desclassificações. Os atletas saíram do RN sem qualquer ranking local, sem experiência em provas de Águas Abertas e o pior de tudo, sem orientação técnica adequada (como por exemplo, treinar a distância da prova seccionada ou por inteiro, dias antes da competição).
Essa exposição merece questionamento diante não do investimento de um clube particular, mas sim da forma como os recursos públicos devem ser levados a sério. Essas desclassificações refletem também tal comprometimento com os recursos investidos, por não se tratar de vencer-perder. Ser desclassificado não é perder uma prova, é muito mais grave do que isso, é uma atitude antidesportiva mesmo que não-intensional ao relativizar uma participação importante numa competição nacional.
A gente espera que esses garotos repensem o talento que eles têm. Na minha primeira vez que nadei os 400 livre nos JERNs de 1994, sofri uma estafa muscular e desisti nos 200 metros, sofri com esse trauma até superá-lo no ano seguinte pra ser medalhista. Reaprendi a nadar provas de fundo e hoje tenho 02 ouros nos 5 km de Águas Abertas.


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