Natação e eleições 2016

Quando você mergulha para uma prova ou dá um impulso na borda para uma série de treinamento, dentro d’água as circunstâncias o obrigam a controlar a boca para os movimentos coordenados de respiração. Mas além daquele meio aquático próprio de um nadador, o ser humano nasceu para a posição ereta sobre a terra. Isso conflita aquele estereótipo de que nadador deveria estar sempre calado ou pouco manifestar seu pensamento, principalmente diante de um tema político. As eleições estão aí e por mais que cada cidadão conheça sua responsabilidade, não adianta pagar caro para quem não irá apoiar, patrocinar e até fazer valer nossos direitos pelos próximos 04 anos.

Diante da interatividade que as mídias têm proporcionado, não é difícil encontrar opiniões diversas sobre o tema político das eleições 2016. Analisar o caráter, a história e as propostas de cada candidato às vezes tende àquela situação de um cliente sendo assediado pelo vendedor para que compre seu produto. É lamentável apontar que a política moderna no Brasil tem se reduzido à oferta de um produto imaginário cujo poder de compra está no seu voto, mas poucos saberiam valorizá-lo.

Se você pensar que um voto de forma isolada não significa nada, com certeza ele não significará nada nem pra você nem para quem quis conquistá-lo. Mas se o seu voto estiver agregado a familiares, amigos e pessoas com as mesmas aspirações políticas, aquele único candidato deverá representar a força que um grupo ou uma comunidade tem para concretizar seus direitos.

O nadador master Rodolfo Timóteo publicou em seu Facebook:

“Só votarei em quem tiver um projeto de política pública esportiva concreta e aplicável para o esporte amador. (...) Se querem tanto o voto do cidadão, então que mostrem projetos prontos e não promessas de que vão lutar pelo esporte”.

Considere a realidade de diversos jovens que se desestimulam quando precisam se deslocar para locais de treinamento e não encontram incentivos políticos para desenvolver seu talento.

“O que adianta uma professora identificar um possível talento esportivo e encaminhá-lo para o centro mais avançado se ele não tem dinheiro para o transporte? (...) Até hoje não existe um projeto municipal integrado que possibilite crianças e jovens carentes praticantes de esporte se deslocarem para treinamento” – afirmou Rodolfo.

Já o professor da UFERSA Gustavo Silva afirma que:

“De uma forma geral gostaria que houvesse uma preocupação maior dos candidatos a prefeito e a vereadores no que se refere à prática esportiva na escola. (...) São poucas as iniciativas que estimulem a prática de modalidades esportivas específicas no âmbito das escolas municipais e estaduais. Infelizmente os Educadores Físicos ainda são pouco valorizados dentro das escolas”.

No que se refere aos estímulos importantes na fase infantil e adolescente produzidos pelas atividades físicas, Gustavo diz que

“Temos que parar de pensar de forma retrógrada que a prática esportiva competitiva no âmbito escolar é algo maléfico para a formação da criança. De forma bem trabalhada e estruturada, esta prática é benéfica e serve de estímulo para uma melhor qualidade de vida e como exemplo para outras crianças e adolescentes que estão iniciando determinada modalidade”.

Gustavo também é nadador master e foi campeão brasileiro em 2015. Para a comunidade aquática norte-riograndense, ele apresentou algumas sugestões para que os candidatos reflitam sobre o que fazer para o esporte:

• Desenvolver projetos de inclusão esportiva para portadores de necessidades especiais em parceria com universidades, institutos ou ONGs;
• Desenvolver projetos de esporte e lazer para a terceira idade nas praças e parques da cidade;
• Incentivar e contribuir para a realização de grandes eventos esportivos, preferencialmente com aporte muito reduzido de recurso público, contando com parcerias com empresas particulares idôneas.
• Fomentar eventos esportivos para a natação para todas as idades. No Rio Grande do Norte, as prefeituras poderiam desenvolver parcerias com a Federação Aquática Norte Rio Grandense, no intuito de se realizar competições de natação não somente nas cidades de Natal e Mossoró, mas também em outras cidades que possuam uma estrutura mínima para a realização destes eventos.

  

É de fundamental importância a participação do nadador maior de 16 anos nas urnas e mais ainda, o compromisso realizado por aqueles que irão ascender aos cargos que representam nossa categoria. Lembre-se que ser eleito não significa que aquele candidato estaria blindado para as cobranças tanto de suas promessas quanto das necessidades que urgem nossos direitos. Nossos direitos dentro e principalmente fora d’água.