A Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem – ABCD e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA lançaram a plataforma "Checkjogolimpo", que permite a atletas e comissões técnica e médica pesquisarem se algum medicamento possui em sua composição substâncias da lista proibida da Agência Mundial Antidopagem – AMA-WADA. O anúncio foi feito durante Live da ABCD nesta segunda-feira (17).
“Todos têm a partir de hoje mais uma ferramenta para auxiliar na busca pelo Jogo Limpo. Já estava disponível a simples consulta da lista proibida em PDF, traduzida e atualizada pela ABCD. Agora, a nova ferramenta cria a possibilidade de consulta e checagem rápida e mais eficiente, permitindo aos profissionais tomarem decisões mais acertadas”, ressaltou a secretária nacional da ABCD, Luísa Parente.
A plataforma é de fácil acesso e intuitiva. Nela, o internauta digita o nome do medicamento e rapidamente aparecem as informações, se ele possui em sua composição alguma substância proibida, qual a classe desta substância, se ela é proibida em competição, fora de competição ou em ambos os casos, além do princípio ativo do remédio pesquisado. Vale lembrar que o banco de dados do Checkjogolimpo é apenas de medicamentos sintéticos.
“A ferramenta pode ser encontrada facilmente no site da ABCD. Já na tela inicial, há indicações de situações relevantes. A gente costuma dizer que na antidopagem é preciso ler com atenção e criar familiaridade com aquilo que temos como ferramenta de trabalho. A lista de substâncias e métodos proibidos está contida nos direitos e deveres do atleta. Ela precisa ser conhecida e fazer parte do dia a dia”, explicou a coordenadora-geral Científica da ABCD, Adriana Taboza, após mostrar o funcionamento do Checkjogolimpo.
O gerente de Saúde e Alto Rendimento do Flamengo, Márcio Tannure, comemorou o fato de agora os profissionais terem acesso a uma fonte oficial e unificada de informações.
“A gente tinha essa demanda, porque tínhamos que procurar em locais diferentes e muitas vezes não-oficiais para obter respostas. Eu por exemplo, tenho 20 anos de experiência no clube, todo ano a gente pesquisa, mas há médicos que não atuam diretamente com esporte e atendem atletas e não tem acesso a esse tipo de informação”.
O evento online da ABCD também serviu para marcar o Dia Nacional do Jogo Limpo – celebrado em 15 de janeiro, por ser a data de nascimento da ex-nadadora Maria Lenk – e contou com a presença do maior medalhista masculino paralímpico da história, Daniel Dias, que se aposentou das piscinas após os Jogos de Tóquio 2021. Dono de 27 pódios, sendo 14 no lugar mais alto, em Paralimpíadas, o agora secretário municipal de Esporte e Lazer de Atibaia (SP), destacou que sempre prezou pelo jogo limpo e que seus resultados são fruto de esforço.
“Eu sempre acreditei no Jogo Limpo. Passo aqui a experiência de que vale a pena batalhar, conquistar objetivos e sonhos sabendo que foi pelo esforço que você fez, que você jogou limpo, como tem que ser. O atleta ter esse posicionamento é fundamental. É entender que sempre que chegar longe valeu a pena a dedicação”, afirmou Daniel Dias.
Procure o médico
Mesmo com a nova ferramenta de busca, os convidados da Live fizeram o alerta de que o médico deve ser sempre consultado antes de qualquer tratamento. Daniel Dias, por exemplo, revelou que até cremes que passava na pele, suplementos alimentares e bebidas isotônicas que ingeria ele costumava ler e pesquisar sobre os produtos e também informava os profissionais da sua equipe para avaliação.
“É muito importante o médico. Por mais que possamos entrar na plataforma e ver que a substância pode ser usada, não vá se medicar sozinho, tenha sempre acompanhamento profissional. Isso é algo que sempre levei pra minha vida e tento transmitir para os atletas”, prosseguiu o nadador, antes de revelar que o cuidado também se estendia ao que a esposa passava no corpo. “A gente dorme junto, então até com isso eu me preocupava. Para vocês terem ideia de como é a vida de atleta”, concluiu.
O alerta também foi feito pelo gerente geral de Medicamentos da Anvisa, Rafael Sanches, que integra a equipe que trabalhou no desenvolvimento da plataforma.
“Sabemos que é muita informação, então, estamos trabalhando para auxiliar a vida do atleta, que sabemos que é difícil. A plataforma não tem o objetivo de substituir a consulta ao médico, a gente não recomenda isso. É importante que o atleta continue consultando o médico antes de consumir qualquer substância”.
No entanto, o atleta deve se informar e também realizar suas pesquisas para casos como o que descreveu Daniel Dias.
“Mesmo se o médico for passar o medicamento, leia sobre ele também. Já aconteceu de eu ir a um pronto socorro, ser atendido e eu dizer, sei que preciso do medicamento, mas talvez não possa tomá-lo”.
O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), Ivan Pacheco reforçou o alerta.
“Temos uma realidade no Brasil em torno da medicina do esporte que é a de educar os profissionais da área. Tem médico que trabalha a mais tempo que a criação da ABCD, então mudar a mentalidade não é tão fácil. Muitos médicos não conhecem a lista. Temos problemas de descrição inadvertida por falta de informação. Agora, essa ferramenta facilita muito”.
Os médicos, pessoal de apoio, comissões técnicas e demais profissionais também podem ser punidos em caso de resultado analítico adverso de algum atleta. “Nós temos que trilhar esse caminho da ética e, agora, tem a associação de culpa, o atleta não está sozinho”, lembrou Ivan Pacheco.
Fonte: CBDA
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