Diante da atual situação de guerra provocada pela Rússia contra a Ucrânia, diversas medidas foram tomadas isolando a Rússia do resto do mundo. COI e FIFA já baniram a Rússia de seus eventos esportivos olímpicos e mundiais. Gigantes empresariais estão deixando a Rússia, países como China e Reino Unido estão pedindo paz. A situação requer delicada atenção diante de um epicentro mundial, à semelhança de como se iniciou a 1ª Guerra Mundial para desencadear, anos depois, a 2ª grande Guerra Mundial. No entanto, antes que meçamos as consequências, por que não analisarmos uma das causas de um mundo cada vez mais inseguro?
Após o término da 2ª Guerra Mundial, uma carta foi reencontrada num campo de concentração nazista, contendo a seguinte mensagem:
"Prezado professor, sou sobrevivente de um campo de concentração. Meus olhos viram o que nenhum homem deveria ver.Câmaras de gás construídas por engenheiros formados.Crianças envenenadas por médicos diplomados.Recém nascidos mortos por enfermeiras treinadas.Mulheres e bebes torturados, fuzilados e queimados por graduados de colégios e universidades.Assim, tenho minhas suspeitas sobre a educação.Meu pedido é: Ajude seus alunos a tornarem-se humanos. Seus esforços nunca deverão produzir monstros treinados ou psicopatas hábeis. Ler, escrever e saber aritmética só serão importantes, se fizerem nossas crianças mais humanas."
A pesar da fonte ser de domínio público, encontramo-nos diante de um dilema: Onde será que erramos? Se você pensa individualmente, com certeza sua resposta estará pronta e não vai interessar. Pois, a questão exige que saiamos do individualismo e pensemos em forma de grupo, de comunidade, forçosamente. O que nos cerca grita mais alto que qualquer postagem que você vê num smartphone por aí.
Quer entremos na guerra, quer saiamos, acaso vale à pena um conflito provocado por questões supostamente idiotas? Acaso, não parece que à semelhança do paradoxo forjado pela necessidade de estar conectado ao mundo, damos tanta importância a tolices e idiotices que até mesmo, isso se reflete em atitudes tomadas por governantes arrogantes? Quando o ser humano ultrapassa o desejo de poder em suas mãos, ele goza de um lugar privilegiado ao se colocar no lugar de Deus, para decidir quem vive e quem morre.
E como nossas atitudes a longo prazo estão sendo planejadas? A educação é um processo que exige esse tipo de análise. Até porque existem cidades no Brasil que deixaram de ser tipicamente capitais, para se tornarem trampolim cultural para o mundo, como Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Salvador e Belo Horizonte. Se não pesarmos os erros que cometemos e o que podemos fazer, que exemplo podemos dar ao mundo nessa espécie de intercâmbio? Ou continuaremos vítimas assistindo aos "gringos" irem e virem, achando que não têm o que levar do Brasil?
Passos importantes demos nas últimas décadas, é perceptível a quantidade de gente preocupada em deixar seu legado para as gerações futuras. Mas um mundo em guerra poderia parecer inconcebível. A chamada "3ª Guerra Mundial" é mais difundida, esperada e até forjada por falsos profetas do que por nossas avós, quando davam aqueles conselhos: "Não faça isso, porque tem consequências...". Simples, não é?! Contudo, nem todos pensam assim, e diante dos maiores valores democráticos que ainda podemos ter, a liberdade de pensar também nos condiciona a pensarmos em grupo. Em certos momentos, essa liberdade nos força a pensar assim, quer saibamos ler um livro, quer tateemos por símbolos gráficos num smartphone. Desculpe a analogia específica da área de engenharia, seria como se cansar de calcular integrais e, de repente, a questão se resumir a uma soma aritmética: Ou você pensa em grupo, ou você pensa em grupo.
Amanhã, talvez repitamos esses mesmos erros e talvez nossos filhos ou netos também. Essa não será a última guerra no mundo e Putin não é o último a querer ser estrela do universo (já se foram Bin Laden e Donald Trump e a caminho está Jair Bolsonaro). A propósito, é de se perguntar: Onde estão aqueles que profetizavam a guerra contra o comunismo antes de Bolsonaro ser eleito? A oportunidade está aí e estamos à espera dos "heróis da pátria" em combate contra o comunismo da Rússia! E as fake news, esses súbitos "heróis da pátria" não sabem mais produzir? Por outro lado, pense bem e considere a seriedade: Uma coisa é defender uma causa dentro da esfera política, outra coisa é idolatrar um ser mortal que em menos de 100 anos estará sendo devorado por vermes a sete palmos.
Bem, se houver um legado, quem sabe haja oportunidade de repensar, ao ter um referencial importante. Se o legado for importante para você, ele continuará pelas gerações futuras. Se não, sua opinião individual vai morrer com você de forma tão exclusiva, assim como o estrelismo de certos "políticos", por não ter feito parte do grupo, do todo. Guerras são provocadas por atitudes que se embasam na suposta liberdade de pensar, individual e exclusiva, sem que se preocupe com o grupo, com a comunidade global.
E ainda é válido o significado da palavra "herege", seja dentro ou fora do cristianismo: "Aquele que se faz exclusivo ou que se intitula escolhido para alguma função [que não lhe compete]". Ironicamente. Se é que a Rússia ainda possa-se dizer católica ortodoxa, servindo de exemplo para inúmeros hereges que assumem cargos políticos pelo mundo, como os que ignoram mais de 650 mil mortos por covid, só no Brasil.
A final, o que nos torna mais humanos? O poder da guerra que nenhum outro ser do reino animal declara contra o seu próximo? Ou o poder de vivermos integrados a uma harmonia universal? Ainda que pareça utopia para os próximos 200 ou mil anos, quando os antigos descobriram Marte lá no céu há mais de 20 séculos, acaso não era utopia imaginar que pudéssemos chegar lá e tocar seu solo?! A questão que retorna: Chegaremos lá a troco de mortes e guerras? Ou podemos fazer melhor do que conquistar um mero diploma que não define nossos limites humanos?
Gostaria de saber mais sobre a questão educação/instrução e desumanidade em período de guerra; o tema foi abordado no início do texto mas foi abandonado no decorrer da leitura.
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