2021: Uma temporada atípica - Natação do RN

Natação do RN

Na piscina ou no mar,
o melhor da natação potiguar

2021: Uma temporada atípica

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O Festival de Natação FAN 51 Anos marcou o encerramento da temporada 2021. Foram 04 tomadas de tempo oficiais, além de outras 07 competições de natação e 01 de maratonas aquáticas numa temporada forçosamente atípica diante da pandemia de covid-19. Em pouco menos de 05 meses de acesso liberado às competições, tivemos grandes destaques individuais e a incrível conquista de uma equipe potiguar vice-campeã norte-nordeste de federados. Sucesso foi a única competição que tentou reativar atletas de escolinhas, depois de quase 02 anos sem competições. No master, voltamos a ter privilégio em sediar uma etapa do circuito nacional da ABMN, com Ponta Negra sendo palco da primeira competição de águas abertas na história da entidade e ainda, com uma equipe potiguar recordista mundial.


Em nossa página da Temporada 2021 (clique no link), você obtém os principais documentos relacionados às competições realizadas pela FAN, dentre resultados e rankings de equipes.

Como o primeiro semestre foi marcado pelas restrições de acesso e contato, diante das gravidades cada vez maiores da pandemia de covid-19, somente no mês de maio foi que a federação pode realizar uma tomada de tempo, seguindo todas as restrições impostas. As tomadas de tempo foram saídas gradativas para o retorno das competições, em que atletas de uma mesma equipe competiam apenas contra o cronômetro. Na 4ª tomada de tempo oficial, a atleta Karen Liberato da equipe do Aeroclube registrou a incrível marca de 00:59.81 nos 100 m Livre, igualando marca de Ana Catarina Azevedo feita em 1992. Recentemente, em 09 de dezembro, Karen melhorou sua marca para 00:59.23, competindo no Campeonato Brasileiro Sênior – Troféu Daltely Guimarães, diante de atletas olímpicos e da elite da natação brasileira.

Muitas perdas tivemos durante o ano, sem contar as perdas de 2020, quando a pandemia exigiu maiores restrições e protocolos. Inúmeros apelos foram feitos nas mídias sociais, forma mais eficaz de contato em meio à pandemia, apelos esses em prol dos cuidados necessários para o mínimo de prejuízo possível diante de um quadro previsível e lastimável. E quantos atletas não foram surpreendidos com a perda de algum familiar ou amigo próximo? Por mais que estatísticas indicassem uma previsão, nenhum de nós gostaria de ser vítima desses números, como tivemos que sentir na pele as consequências, talvez, de uma dissintonia com um propósito em comum. Alguns interpretariam que pela "força da natureza" a maioria escolheu a vida, a maioria escolheu a vacina.

Com as liberações gradativas, a FAN conseguiu agendar em seu calendário oficial 07 competições para o segundo semestre de 2021, tendo menos de 05 meses para tentar reanimar atletas e equipes. E mesmo com isso, paralelamente vários treinadores conseguiram manter atletas ativos durante a pandemia, sabendo do valor que tinham em caso de abandono. Infelizmente, tivemos em torno de 30% de atletas deixando a natação, quando a natação era mais que necessária e indicada por médicos, em meio à pandemia. Por outro lado, os atletas que permaneceram "fiéis" acabaram sendo "agraciados" diante de expressivos resultados após o retorno das competições oficiais.

Otávio Melo, Felipe Villar e Everaldo Silva são os destaques no masculino. Os destaques no feminino são Karen Liberato, Julia Maud e Gisele Morais, isso para atletas federados.

Otávio Melo: campeão brasileiro nos 100 m Borboleta
Créditos: João Carlos


Equipes federadas
Por equipes, um embate entre o Aeroclube e a equipe Noilde Ramalho: quem seria a melhor do ano? A equipe Noilde Ramalho venceu as principais competições para atletas federados, além do campeonato estadual, e revelou que seus atletas estão bem ativos em meio à pandemia. Equivalente à antiga equipe do EDHC, a Noilde Ramalho conquistou o campeonato estadual, 15 anos depois do último título do EDHC. Gladson Soares somou mais uma conquista, agora com 07 títulos no currículo, sendo um dos técnicos que mais conquistou títulos estaduais.

Por outro lado, o Aeroclube nem bem havia "despertado" depois de vários anos adormecido e fora do estadual de natação, e já conquistou o troféu de vice-campeão norte-nordeste geral, isso mesmo, não foi por categoria, não: vice-campeã geral, título que até então nenhuma equipe do RN havia conquistado.  Treinada por João Carlos, a equipe foi vice-campeã estadual e soube investir em atletas como Otávio Melo, Mateus Lopes, Júlia Mauad e Karen Liberato. Otávio havia sido campeão norte-nordeste, melhor índice técnico do NNE, campeão pan-americano de categoria e agora, recentemente, campeão brasileiro infantil nos 100 m Borboleta, com expressivos 00:58.44.

Masters e Recorde Mundial
A temporada oficial contou apenas com uma competição master local. O agendamento deu exclusividade a um único evento, contudo os masters também puderam participar de outras competições, inseridos com federados e escolinhas, como a Copa Potiguar, o Circuito Aberto e o Festival FAN 51 anos. Sentimos a relativa participação dos masters até mesmo no Campeonato Brasileiro realizado pela ABMN na piscina do Sesi Clube. E mais ainda, no Campeonato Brasileiro de Águas Abertas, onde Ponta Negra foi palco do primeiro evento da entidade. Nossos destaques foram pontuais, aquém dos resultados expressivos conquistados em 2018.

Equipe Potiguar recordista mundial
Karen (esq.), Jovana, Rodrigo e José
Foto: Paulo Veríssimo Oliveira


Voltamos a receber com satisfação uma etapa do Circuito Nacional promovido pela Associação Brasileira de Masters de Natação - ABMN. E de prêmio, a ABMN escolheu Ponta Negra como palco de seu primeiro campeonato de águas abertas, logo na sequência.

Apesar de em 2018 termos conquistado o título aliado a diversas conquistas individuaisficamos aquém em 2021 com relativa participação. A Potiguar Master teve perda em torno de 45% dos atletas inscritos em 2018 em relação aos atletas exclusivamente da casa, ou seja, cerca de 45% dos atletas da Potiguar Master eram de outros estados. E isso não significa que a interação tenha sido importante a ponto de destacar a equipe no cenário nacional. No total, a ABMN teve perda de 37% de inscritos em 2021 em relação ao campeonato realizado em Natal em 2018. De um lado, são números vítimas da pandemia sim, mas de outro, também demonstram como a natação master tem sido administrada. O preço do pão subiu, do leite, da carne, da gasolina, mas a inscrição em outros campeonatos não subiu tanto assim.

No entanto, nossos masters continuam competitivos, altamente competitivos e mirando objetivos cada vez maiores. Além de recordistas sul-americanos e brasileiros, o recorde mundial registrado na prova de Revezamento 4x100 m Livre Misto 120+ veio para coroar nossa projeção num cenário para além do Brasil. A equipe formada por Karen Liberato, Jovana Nakagaki, José Gonçalves Jr. e Rodrigo Trivino agora espera a homologação da FINA, para serem inscritos nos anais da natação mundial master como recordistas.

Bruno Fratus, bronze nas Olimpíadas
O nadador "potiguar de coração" Bruno Fratus enfim desencantou. Confesso que eu estava vendo uma medalha de prata no peito de Bruno naquela última braçada dos 50 m Livre, mas como ele mesmo disse: "Os caras são grandes, mas nós somos ruim" [Guys are big, but we're bad]. Mais uma pra conta das felizes recordações da presidente da FAN Rosileide Brito que havia acompanhado Bruno desde a infância nas primeiras competições aqui no RN e compartilhou sua emoção [choro] num grupo de whatsapp.

Bruno Fratus: Bronze olímpico nos 50 m Livre
Créditos: D.P.


Tivemos a feliz satisfação, diante de convites de outras entidades e jornais importantes, de fazermos uma live no Instagram, ainda em 2020. Foi num momento obscuro e de incertezas, com notícias cada vez mais dramáticas da pandemia recém-implodida no Brasil e no mundo, que lançamos o desafio de manter a comunidade aquática interagindo e ativa através de lives. E para nossa surpresa, o então vice-campeão mundial dos 50 m Livre aceitou rememorar sua passagem por Natal e Mossoró, impulsionando sua inspiração para inúmeros atletas e crianças. Uma das frases marcantes de Bruno naquela live foi a resposta à pergunta porque nos EUA a mentalidade do esporte seria diferente. Ao que ele respondeu sobre justamente uma mentalidade "de trabalho" em fase de objetivos claros e planejados. No final da live, ensaiamos uma "profecia" que se tornou realidade: "E que venha a medalha olímpica!". E veio.

"Paitrocínios" e Expectativas
Se por um lado a pandemia nos atingiu gerando perdas, por outro a reação foi de incríveis marcas e talentos serem revelados em tão pouco tempo após a liberação dos eventos oficiais. Ainda sentimos e choramos várias perdas, estamos no início de um processo de recuperação a nível global e que depende do nível de colaboração mútua entre conhecimento científico e compaixão pela vida.

Créditos: FAN


Mas nossos grandes talentos poderiam ter continuado lá em suas piscinas treinando indefinidamente à espera da misericórdia de um empresário, se não fossem seus "paitrocínios". Há exatos 25 anos, o blogger sentiu na pele o que é ser atleta e despontar diante de grandes resultados, mas não ter apoio necessário. Mesmo depois desse tempo todo, a realidade não mudou para nadadores que desafiam a normalidade. Vemos as fotos da garotada feliz nas redes sociais e o que precisamos enxergar mais profundamente é que isso também é graças ao patrocínio de seus pais.

O esporte tem sido diferencial para a saúde da sociedade tanto fisicamente, quanto moralmente. É graças ao esporte que valores disciplinares intuitivos são assimilados com melhor eficácia pelos mais jovens. E não adianta esperar pela misericórdia de um empresário que soubesse deduzir seu imposto de renda ou destinar 05% de sua receita em prol do marketing através do esporte. As empresas estão mais preocupadas com as câmeras de segurança ou com discriminação de gênero do que com cidadãos moralmente saudáveis.

E para ser um pai/mãe que investe em seu filho, sabendo que ele treina em busca de uma meta e que vive todo um processo de superação com as experiências de competição, tem que ser mais do que pai/mãe, tem que ser praticamente heroico. São esses "paitrocínios" que se tornam diferenciais não só na vida de seus filhos, como também exemplos para outros pais que despertem para uma visão de futuro certo e promissor.

2022 está bem ali, às portas. Miramos novas metas. Novos objetivos podem se tornar parte desse processo. A expectativa é voltarmos à normalidade, como em quase 100 anos a Humanidade não havia sentido, desde a última pandemia. É possível tirar lições de cada coisa que acontece, não só pelo hoje que vivemos, como também pelo amanhã que esperamos.



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