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Pandemia e depressão

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Os efeitos colaterais do momento em que passamos aparecem até mesmo no ambiente virtual, onde houve uma escalada na procura por assuntos e substâncias relacionadas à dificuldade para dormir. Prova disso é que, em abril e maio do ano passado, quando estiveram em vigor medidas mais rígidas de isolamento, a palavra “insônia” foi a mais procurada na internet, estando quase sempre relacionada à quarentena e medicamentos.

No mundo físico, esses indícios se concretizam com a disparada nas vendas de medicamentos das classes dos ansiolíticos, hipnóticos, estabilizadores de humor ou antidepressivos, que aumentaram em alguns casos até em 80%. A pandemia é de fato um gatilho comum a todas as pessoas e trouxe consigo a falta de planejamento, o medo e a insegurança; sendo que, de acordo com o psiquiatra Diomildo Andrade, esses fatores podem moldar uma visão negativa não somente sobre o presente, mas principalmente a respeito do futuro, potencializando casos de instabilidade mental.


"Várias pessoas acabaram desenvolvendo quadros de ansiedade significativa, depressão, transtornos de ansiedade de doença (anteriormente chamado de hipocondria), transtornos delirantes e, principalmente, a piora de quadros já existentes. Em geral os pacientes se mostram ansiosos e bastante tristes no consultório, com um padrão de pensamento que chamamos de catastrofização, em que a pessoa só pensa no pior cenário em qualquer situação. Ou seja, apenas as coisas ruins irão acontecer" – conta o médico.


Toda vez que estamos diante de uma ameaça, o cérebro lança um comando para uma glândula que começa a produzir cortisol, também conhecido como hormônio do estresse. O efeito dispara o coração, com objetivo de levar mais sangue para os músculos, e acelera a respiração, na tentativa de captar mais oxigênio. Ou seja, os estoques de energia são liberados para servir de combustível contra qualquer ameaça. Se por um lado, graças a esse sistema veloz e afinado, herdado dos nossos antepassados, a espécie humana sobreviveu às adversidades; por outro, o inimigo de 2020 não tem rosto, nem dá pra fugir dele, representando um perigo permanente. Por isso, o psiquiatra Higor Caldato avalia que por existir o gatilho da tensão a todo instante, o momento é de uma dura jornada mental, que pode em alguns casos desencadear em quadros de ansiedade e depressão.


"Diante dessa situação pandêmica, a leitura que a mente faz é que a pessoa está em constante risco, sob importante ameaça; o que faz ativar um sistema do corpo, chamado de Sistema Nervoso Autônomo, que é responsável por sintomas como palpitação, falta de ar, tremores, sudorese, entre outros. Esses sintomas físicos são comuns nos transtornos de ansiedade. Muitos pacientes apresentam durante a pandemia sintomas de ansiedade episódicas (como os que acontecem na síndrome do pânico), outros apresentam sintomas contínuos (como no transtorno de ansiedade generalizada)" – explica o médico.


As particularidades do momento não param por aí. O luto vem sendo ressignificado diante da covid-19, que impossibilita a tradição da despedida em velório e enterro, havendo limitação de pessoas em sepultamento - geralmente de quatro a cinco parentes. Neste momento, a união por meio das pessoas pode ser, segundo o psiquiatra Paulo Rezende, primordial no processo de luto e aceitação, inclusive tendo a tecnologia como aliada.

"Mesmo com o luto não podendo ter esse último momento, ele ainda pode ser elaborado. Dependendo do caso, ele será mais longo ou com maior dificuldade de aceitação. No entanto, a tecnologia pode ser uma aliada nessas horas, já que a manutenção de lembranças e memórias virtuais ajudam nesse processo de perda" – conta o médico.


Já o psiquiatra Diomildo Andrade ressalta que geralmente a tristeza é o sentimento central nos dois casos, porém, o luto e a depressão apresentam particularidades que os diferenciam entre si.


"O luto consiste em pensamentos intensos de vazio e perda e há uma grande confusão com o transtorno depressivo. Contudo, na depressão o humor deprimido é persistente e há uma incapacidade de antecipar felicidade e prazer. Enquanto no luto os sentimentos são direcionados a lembranças do ente falecido, na depressão não há um elemento específico para a tristeza e para os outros sintomas. Todavia, o luto pode desencadear um quadro depressivo. É recomendado procurar um profissional da saúde mental (psiquiatra ou psicólogo) caso haja uma persistência no luto e uma grande perda funcional decorrente dele" – explica o médico.

Centro de Valorização da Vida – CVV

O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, email, chat e voip 24 horas todos os dias.


A ligação para o CVV, em parceria com o SUS, é feita por meio do número 188, sendo gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular. Também é possível acessar o site (link) para chat, Skype, e-mail e mais informações sobre ligação gratuita.



Fonte: GE



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