Matéria publicada no UOL analisa os brasileiros que já nadaram a prova mais emocionante da natação como "fracassados" nos últimos anos. O título já denigre o trabalho feito para preparar nossos atletas diante de um dos esportes mais competitivos do mundo, até bem mais que o futebol (que só vive de marketing e não de competição entre os melhores). É preciso distinguir que se trata de uma análise à parte de quem não vive o dia a dia dos atletas nas piscinas.
[Matéria do UOL, link no final da postagem:]
Os 100m livre masculino já foram a prova mais forte da natação brasileira. Hoje, são um dos calcanhares de Aquiles do país. Nesta terça-feira (21), os dois atletas do país que disputaram as eliminatórias do Campeonato Mundial em Budapeste, na Hungria, não conseguiram passar pelas eliminatórias.
O desempenho é o pior do Brasil desde 2005, quando não enviou representantes ao Mundial daquele ano nos 100m livre. Em 2007 o país já tinha na final um jovem Cesar Cielo, que seria campeão em 2009 e finalista em 2011. Marcelo Chierighini esteve nas finais de 2013, 2015, 2017 e 2019. Na última edição, ainda teve a companhia de Breno Correia.
Prata no Mundial de 2017 no revezamento 4x100m livre, o Brasil, porém, passou a nadar para trás. Fez modestos 25º e 32º lugares com Pedro Spajari e Gabriel Santos nas Olimpíadas de Tóquio e, hoje, viu seus representantes terminarem em 25º e 26º lugares no Mundial. Gabriel, com 48s89, ficou oito centésimos à frente de Marcelo.
Considerando apenas os nadadores do continente americano, Gabriel fez só o oitavo melhor tempo. À frente dele, atletas de países como Trinidad & Tobago, Ilhas Cayman e Aruba. Ou seja: se fosse um Pan, o Brasil só entraria com um atleta na final, e raspando. Desse jeito, há o risco real de, no Pan do ano que vem, o país ficar fora do pódio de uma prova em que foi vencedor em seis das últimas oito edições.
O momento ruim dos velocistas brasileiros também preocupa pensando no revezamento 4x100m livre masculino, que nos últimos ciclos se mantinha como uma das poucas apostas de medalha da natação do Brasil. Em Budapeste, mesmo palco onde ganhou prata mundial há cinco anos, em uma disputa braçada a braçada com os EUA, desta vez o Brasil foi só sétimo.
Comentário do blogger:
Fora os erros de português num dos jornais mais acessados do Brasil [a Globo e outros veículos também não passam longe de vários erros grotescos], essas considerações parecem desprezar o fato que a natação mundial tornou-se escola de como se faz capitalismo na prática. É a alta competitividade que produz os atuais recordes, praticamente impossíveis de estabelecer nadando sozinho.
Observe que a publicação já pressupunha um súbito pífio desempenho da equipe brasileira no revezamento 4x100m livre durante o mundial. A diferença entre o 3º e 7º lugares é de apenas 01 segundo e 26 centésimos, ou seja, foram 05 equipes disputando uma medalha numa prova de 400 metros [4x100] dentro de 00:01.26 no último toque. Isso é o que se tem esperado da alta competitividade da natação, seja em mundiais, seja em olimpíadas.
Quem é o atual recordista mundial dos 100 m Livre? Faz quanto tempo que perdura o recorde? E você tem noção de quanto tempo será necessário para bater o próximo recorde mundial? Ou seja, se Cielo fez 00:46.91 em 2009 e já faz 13 anos de recorde, se algum nadador fizer abaixo disso, quanto tempo depois será necessário para outro novo recorde?
Aquela coisa que não existem limites na prática é conto de fadas, "conversa pra boi dormir". Limites existem sim e precisam ser respeitados. Mas, claro, antes de chegar ao limite, a gente continua tentando e desafiando... Até lá, o que não se pode é dar atenção a jornalzinho que não vive a natação na beira da piscina. E não sabe na prática o que é estar inserido em meio à elite da natação mundial. Isso porque escrever sentado diante de um computador, sem saber o que é nadar abaixo de 01:00 nos 100 Livre, é bem diferente do que perder 06 horas por dia de treinos na piscina ou no mínimo, acompanhar a seleção brasileira na beira da piscina.
Chega ao ponto de a gente desafiar certos repórteres a fazer melhor do que apontar erros, como se tivessem sido provocados pelo acaso. Porque de erros eles deviam começar pela língua portuguesa, ferramenta essencial para saber se comunicar, antes de publicar mer***
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