Avaliação da temporada 2017 - Natação do RN

Natação do RN

Na piscina ou no mar,
o melhor da natação potiguar

Avaliação da temporada 2017

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A temporada 2018 da FAN está prestes a começar e elaboramos uma avaliação da temporada anterior com algumas ressalvas e sugestões diante da atual conjuntura política que envolve o esporte como um todo. Abordamos assuntos por classes: escolinhas, estadual absoluto e máster e incluímos os estudantes/universitários. Uma análise crítica em qualquer conjuntura deve levar em consideração a finalidade de aprimorar o que temos em mãos diante daquilo que seria ideal.



Quem não se lembra do filme Titanic? Extraímos de uma cena algo que deve sempre termos em mente, especialmente para quem lidera qualquer que seja a equipe. Quando um navio está se dirigindo a um iceberg, não há guidão de bicicleta ou moto ou muito menos volante de carro para mudarmos repentinamente de direção e evitarmos um acidente – é preciso mudar de direção paulatinamente a tempo de qualquer aproximação inevitável. Assim começamos o ano de 2017 numa turbulência de assuntos que envolviam o navio maior da natação brasileira, qual seja a CBDA, com escândalos envolvendo seus ex-dirigentes e sua forma de eleição. Aliada a isso, nossa conjuntura política não favoreceu qualquer apoio ao esporte de forma equânime, como a falta de patrocínio para as equipes que foram aos campeonatos nordeste e norte-nordeste em maio e julho de 2017.

Como tem sido inusitadamente, a FAN teve que contar com apoio e sacrifício dos pais de vários atletas, se quisessem vê-los no alto do pódio ou no ranking brasileiro, como nosso maior destaque, o recordista brasileiro no 50m Borboleta, Mateus Oliveira. Mateus de apenas 12 anos de idade, inclusive, recebeu convite da CBDA para um treinamento e competição nos EUA em janeiro deste ano, quando por falta de patrocínio novamente nosso talento se esbarrou no sacrifício de seus pais. Além de Mateus, apostamos em diversos talentos potiguares que brilhantemente têm despontado no cenário regional, alguns atingindo índices para campeonatos brasileiros.

A crise nos esportes não atinge apenas a comunidade aquática, como também as demais modalidades – isso derivado de uma crise maior com determinante influência da política brasileira. 2018 é ano de eleição, mas no Brasil tornou-se quase uma tradição em “ano de eleição” uma tensão maior voltada para os recursos destinados ao apoio ao esporte, de modo a atingir de um lado a alta nas taxas dos atletas e de outro a escassez de apoio governamental. A lei não discrimina “ano de eleição” com tamanha exclusividade.

Nadador que se preze, especialmente aqueles que passaram dos 16 anos, precisa saber cobrar bem antes de qualquer candidato aparecer com planos predestinados a um governo. Uma cobrança mais que necessária no sentido de fazer valer diversos instrumentos disponíveis para a melhoria do esporte, especialmente em nossa cidade e na região metropolitana de Natal. Teoricamente temos estudos, pesquisas e legislação com textos incrivelmente esbeltos, porém na prática o interesse público tem se acomodado ante a importância que o esporte tem na formação e transmissão de valores a um cidadão.

As classes de escolinhas e máster puderam ser observadas comparativamente com ótima aceitação da comunidade aquática, destacando as grandes participações que ultrapassaram os 200 inscritos em várias etapas das escolinhas. O circuito das escolinhas registrou 34 equipes participantes durante o ano, embora ainda não haja tanto atrativo para o trampolim no campeonato estadual absoluto – para isso o atleta sendo devidamente federado. O professor e técnico do colégio Expansivo, João Carlos, sugeriu que “poderia levar uma das fases da competição para a Zona Norte”.

No máster, apenas na 3ª e última fase do circuito anual, a FAN registrou o inédito recorde de 206 inscritos numa única etapa. O campeão do circuito e técnico da equipe máster da UFRN, Josenaldo Alcântara, fez uma observação interessante, sugerindo a inclusão e participação de equipes da Zona Norte de Natal, quem sabe com alguma etapa do máster sendo ali realizada, para fomentar ainda mais a participação dos másters da Zona Norte e cidades vizinhas. A observação feita por Josenaldo coincidiu com a opinião de João Carlos, um sobre o máster e outro sobre as escolinhas.

Josenaldo também elogiou o ótimo trabalho da equipe da FAN na organização das competições másters, incitando uma comparação muito importante diante de diversas outras federações de outras modalidades, quando algumas nem premiação oferecem a seus campeões. A FAN premia atletas do máster, das escolinhas, do estadual e do nado sincronizado muito mais que qualquer outra federação no Estado (atletismo, ciclismo, xadrez, basquete, vôlei etc.), inclusive mais que a FNF – Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol.

Quanto ao estadual absoluto, consultamos a professora da rede pública municipal Cláudia Azevedo, mãe de nosso recordista brasileiro Mateus Oliveira, e ela destacou a participação dos atletas e equipes: “Esse ano de 2017 a participação não foi tão boa, acredito que é por causa da crise financeira que o país vive”. Sem determinadas participações (números de atletas/equipes), a competitividade fica comprometida, quando vemos atletas baixando tempo em competições fora do Estado, mas não diante de seus adversários de prova em competições locais.

O nível de competições nordeste e norte-nordeste tem-se elevado bastante nos últimos anos com atletas alcançando índices brasileiros e isso é fruto de sua alta competitividade. Quando comparada a nosso campeonato estadual, a competitividade cai drasticamente. Lembrando que a competitividade é um dos maiores fatores que elevam a qualidade da natação. O atleta precisa intuir a não se acomodar com a medalha de bronze ou com o recorde estadual, se ele pode muito mais que isso. Ele precisa acreditar que existe um lugar no ranking brasileiro esperando por ele, que existe uma vaga olímpica que só ele pode conquistar.

Cláudia também elogiou os trabalhos da federação: “A equipe que forma a federação é muito competente e organizada”. Porém, quando questionada sobre o apoio que carecemos dos governos (municipal e estadual), Cláudia ressaltou: “Os governantes e empresários deveriam ajudar nossos atletas, porque a criança principalmente quando tem o foco de atleta é um futuro garantido, um bom futuro garantido para o nosso país”.

Já o professor João Carlos concordou que as esferas governamentais não têm se mostrado presentes no fomento da natação e quando perguntamos sobre a arbitragem da FAN, ele observou: “Sobre a arbitragem em modo geral, houve boa atuação, mas percebe-se que alguns árbitros ainda não têm tanta segurança nas regras”. Isso em relação à aplicação integral das regras oficiais, não só estilos de provas. Aproveitamos para ressaltar a proibição de trajes tecnológicos que a CBDA determinou no início do ano para as categorias de base (pré-mirim, mirim e petiz). Se a arbitragem deverá avaliar cada traje que os atletas usarem, a orientação é que técnicos alertem antes seus atletas para a possível desclassificação, caso descumpram às regras usando trajes do ano passado considerados tecnológicos.

Sobre a primeira edição do Troféu Natação Potiguar, tanto a presidente da FAN Rosileide Brito, quanto o técnico João Carlos e a mãe de atleta Cláudia Azevedo mostraram interesse de que se repita em 2018, com o sucesso alcançado por toda a comunidade aquática potiguar. “Show. Gostei muito da primeira edição do troféu e espero que tenha a segunda, a terceira, a quarta, a quinta e daí em diante”, disse Cláudia. “Excelente”, classificou João Carlos. Pretendemos ampliar a votação para outras categorias, dependendo do apoio que receberemos para as premiações. A votação do Troféu Natação Potiguar acontecerá entre a penúltima e última competição estadual.

Quanto aos estudantes/universitários, exceto a CBDU, lamentamos não dispormos de dados importantes como regulamento ou resultados de responsabilidade tanto da SEEL quanto da FNDU, para destacarmos a importância das competições estudantis no Estado, como os JERNs, os JUVERNs e os JURNs. Somente a SEEL tem fornecido seu calendário de eventos, como também a CBDU, ao passo que o link da FNDU disponível no site da CBDU mostra um site totalmente desatualizado com matérias ainda de 2014.

Após essa avaliação da temporada, deixamos alguns tópicos relacionados para reflexão de toda a comunidade aquática, abrangendo inclusive esferas maiores:

·        Apelo a patrocínio. É possível que empresas privadas deduzam parte de seu imposto de renda em prol de ajuda de custo do tipo patrocínio a atleta ou equipe. Ganha a empresa com sua visibilidade ao se mostrar solidária, ganha o atleta com condições de disputar competições importantes e ganha a sociedade com a valorização do esporte;
·        Carência governamental. Esperamos que em 2018, candidatos não apareçam sem incluir em seus planos de governo o apoio integral ao esporte como meio de promoção de valores indispensáveis ao cidadão. Que houvesse coordenação de ações entre os principais órgãos governamentais no sentido de integrar as federações que mais carecem de apoio, quando seus atletas despontam e ficam à mercê do sacrifício de seus pais.
·        Competitividade. Uma das classes que mais evidenciou a competitividade foi o circuito de escolinhas. Com exceção de algumas poucas categorias, tanto no máster quanto no estadual absoluto, a competitividade não tem se mostrado tão acirrada quanto deveria;
·        Corrupção. A corrupção é um antivalor que tem contaminado diversas esferas a partir do mal-estar causado pela política brasileira, mas ainda há “uma luz no fim do túnel”. No esporte, a corrupção tem discriminado os que fazem parte de sua “panelinha” contra os tidos ousados em criticar determinada conjuntura, de modo ao egoísmo de conquistar um troféu ou uma medalha comprometer toda uma equipe. Corrupção está diretamente proporcional à irresponsabilidade e ao egoísmo de certos líderes;
·        Atitudes anti-desportivas. Embora o Código Brasileiro de Justiça Desportiva enumere itens sobre isso (Resolução CNE n. 29, arts. 156-163), é possível incluir o tema do assédio moral que antecede atitudes anti-desportivas. Assédio moral no sentido de um técnico ou líder não aceitar que o atleta adversário tenha obtido êxito e assim, procura atingi-lo sorrateiramente incitando desequilíbrio psicológico com as velhas “cutucadas” no adversário, palavras de baixo-calão ou similares. Cabe a cada técnico preparar seus atletas para manterem o foco em seu objetivo, sem deixar de lado o respeito e a camaradagem com os adversários de prova e numa instância mais delicada, apelar para a arbitragem que tem o poder de desclassificar atleta, técnico ou equipe que comprometer o curso natural de uma disputa, seja na arquibancada, seja no banco de controle seja na piscina. Agressão ou desdém ao adversário merece desclassificação de prova ou competição.


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