A origem da saída derivada do atletismo na natação

O avanço tecnológico tem influenciado bastante na melhora da eficiência das saídas em provas de competição de natação, com a consequente evolução aerodinâmica do bloco de partida. Chris Jacobs, medalha de prata nos 100 m Livre dos Jogos de Seul 1988, teria sido o primeiro nadador a utilizar a chamada “saída de atletismo” (Track Start) nas Olimpíadas.

Segundo um podcast com participação de Brett Hawke, ex-técnico de Cesar Cielo no título olímpico de 2008, Rowdy Gaines, ex-nadador americano, o primeiro homem a nadar abaixo da barreira dos 50 segundos nos 100 m Livre, teria sido o primeiro a utilizar a saída derivada do atletismo nos Jogos Olímpicos. Isso, na final dos 100 m Livre dos Jogos de Los Angeles 1984. Com 25 anos de idade, Gaines era considerado “velho” para a natação mundial naquela época, e sua vitória foi até considerada uma surpresa para a época. Executando a saída derivada do atletismo, e o único de toda competição a fazê-la, Gaines venceu com 00:49.80.

Gaines também revela que a criação desse tipo de saída foi de seu treinador Richard Quick. Na época, as regras da natação estavam em mudança, ainda aceitando três saídas falsas, quando então passou a ser utilizado o sistema de saída única. Gaines, segundo conta, tinha uma saída ruim e algo precisava ser feito para melhorá-la.

Em uma viagem a Europa, para um torneio de natação, Richard Quick e Rowdy Gaines também foram assistir uma competição de atletismo e ficaram inspirados com a ideia. Levaram para a piscina e praticaram por meses. Gaines também revela que na primeira vez que utilizou a saída foi desclassificado e depois revertida a decisão, pois os árbitros jamais haviam visto aquilo e, como não havia nada dizendo o contrário na regra, a desclassificação foi cancelada.

A saída derivada do atletismo se popularizou bastante a partir de então, cativando principalmente os velocistas. O australiano Ian Thorpe, no auge de seus 17 anos, havia se tornado o mais jovem campeão e recordista olímpico ao vencer os 400 m Livre em Sidney 2000, com saída derivada do atletismo. Nos inícios dos anos 2000, ainda se encontravam nadadores de peito que resistiam à inovação dessa mudança.

Atualmente, tem sido raro encontrar nadadores que utilizem o modelo de saída antiga, colocando os dois pés à frente do bloco, o que não vai contra as regras oficiais. Tecnicamente, a saída derivada do atletismo não foi um mero modismo inventado, mas uma inovação que conferiu melhor aerodinâmica do movimento que exige posição mais adequada à explosão de força máxima na parte mais veloz da prova, que é a saída.

Fonte: Best swimming