Natação é um esporte predominantemente
individual. Do momento da largada ao toque final, tudo o que acontece dentro da
piscina está nas mãos daquele atleta. Mesmo em provas de revezamento, cada
parte da prova transmitida para aquele atleta determina o momento único em que toda
a equipe depende dele. Por essa particularidade da natação, muitas vezes os
nadadores se convencem de sua exclusividade e acabam correndo o risco de se
acostumar a atitudes que não fariam caso de sua participação como equipe. Isso
fica mais evidente quando no processo de formação da personalidade entre a
infância e adolescência, o convívio social não corresponde à necessidade adequada
daquele indivíduo.
Uma provocação entre amigos às vezes
revela o quanto toda uma equipe estaria contaminada pelo exclusivismo do
individualismo. A partir do momento em que o técnico ou professor indica aquele
tipo de exercício pra fazer na água, isso não significa que a atitude tornaria
alguém mais ou menos especial que outro. O individualismo pode ser provocado
nos primeiros momentos do ingresso numa equipe, como pode tender a se
consolidar através do tempo. Se durante a infância/adolescência erros no
processo educacional poderiam ser corrigidos, imagine nadadores com seus mais
de 65 anos com atitudes puramente exclusivistas e que não aceitariam mais
conselho.
É claro que existem seções de
treinamento que exigem cooperação em equipe ou até demonstrações do valor
individual que contribui para a equipe. Mas, quando a natação deixaria de
incitar o individualismo para revelar a importância do indivíduo em sua equipe?
Basta comparar-se com seu adversário. Se um nadador vai para a prova carregado
de pensamentos sobre seu adversário, seja com medo dele, seja querendo
humilhá-lo, ali estará sem sobras de dúvidas o individualismo. Se por outro
lado, aquele mesmo nadador for para a prova respeitando seu adversário, mas
exclusivamente concentrado no que fará na prova, com a mais absoluta certeza,
este nadador sabe do valor individual que tem pra sua equipe.
Créditos: FAN |
Eu me recordo que em 1995, acabei
faltando a uma prova pensando que não faria diferença pra equipe – isso foi na
última etapa do Campeonato Estadual. Na segunda-feira imediatamente seguinte, meu
técnico me chamou no canto e me deu uma lição difícil de esquecer. Ele
demonstrou que por apenas 02 pontos nossa equipe perdeu o Campeonato porque eu
havia faltado àquela prova. Na época, eu estava com o 2º melhor tempo balizado.
Mas do jeito como meu técnico falou, percebi o quanto a equipe precisava de
mim, mesmo que o individualismo naquele momento preferisse a preguiça de não
acreditar.
Vestir a camisa da equipe é uma atitude
que dignifica todos e cada um dos membros de uma equipe. Se por um lado na
maioria das vezes, o individualismo surte negativamente como uma atitude
exclusivista ou egoísta, por outro o indivíduo precisa descobrir seu valor
dentro da equipe. Muitas vezes, isso é tarefa daquele profissional comprometido
com o processo de educação integral em que a natação também faz parte e é necessária;
é mais que necessária. Mas também depende do próprio indivíduo encontrar meios
de se integrar à equipe, não com seu exclusivismo quando busca chamar a atenção
de todos seja pela sua vitória, seja pela sua derrota. É preciso encontrar a
convicção de seu próprio valor individual sem exclusivismo.
Nesse sentido, quando toda uma equipe
se convence de seu valor, naquele exato momento da prova, cada atleta dará o
melhor de si, vestirá a camisa da equipe e se orgulhará de seu técnico. O resultado
da vitória é importante? É claro que sim. Mas nada tão realizado quanto uma
equipe que vence conhecendo o valor individual de cada membro, de cada nadador
que deu seu melhor de início ao fim. Se você é necessário pra equipe? Analise seu
individualismo e considere que muitos poderiam estar no seu lugar, e não estão.
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