FINA completa 110 anos - Natação do RN

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FINA completa 110 anos

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Por FINA Aquatics World Magazine

[Tradução livre. Original no link]

 

Se os pais fundadores da FINA ainda estivessem entre nós, como eles avaliariam o que eles vêem hoje nos esportes aquáticos? Será que os representantes das oito nações na reunião inicial de 1908 teriam imaginado algo assim? Talvez em seus sonhos? Cento e dez anos – muito mais do que uma vida inteira, mas... Foram todos os 110 anos? Onde tudo começou e aonde chegamos nesse meio tempo?


Foto: FINA



“At the beggining”: No início, havia oito nações da Europa: Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Hungria e Suécia. Hoje existem 209 dos cinco continentes. O minúsculo quarto, o primeiro escritório, foi transformado em um quartel-general semelhante a um castelo. As primeiras batalhas na água salgada e fria do mar se transformaram em competições gigantescas em piscinas ultramodernas; mergulhar a partir de blocos de partida perfeitamente moldados substituiu os arranques de barcos instáveis. E como seria uma grande reunião presidencial entre o fundador George Hearn e o atual detentor do cargo, Dr. Julio C. Maglione? E o que o presidente (ainda por nascer) diria ao seu atual antecessor em 2128? No 110º aniversário da FINA, vale a pena dedicar um tempinho para conferir a evolução da FINA.


Deveria ter sido cancelado em 1896

Alfred Hajos é considerado o primeiro campeão olímpico da natação, embora na verdade ele tenha vencido aquela travessia em águas abertas em Atenas 1896. Primeiro nos 100 metros, então um pouco mais tarde nos 1200 metros. Hajos teve que pular a prova do meio da competição, passados mais de 500m de percurso, como começou logo após o 100m ter terminado (como os nadadores da primeira prova cruzaram a linha de chegada no mar, os participantes dos 500 metros já haviam sido levados pelos navios para a largada fora da baía de Zea. Não havia organização para supervisionar o balizamento. Não havia organização para cuidar da segurança dos nadadores – em sua autobiografia, Hajos admitiu que estava morrendo de medo ao tentar dominar as ondas na primeira parte dos 1200 metros. “Eu não nadei para a vitória. Apenas nadei para sobreviver”, escreveu ele, acrescentando que se preocupava muito quando observava todos os barcos deixando os participantes para trás, já que todos queriam ver a chegada – e não a travessia em si.

De fato, de acordo com as regras atuais da FINA, todas as provas de natação deveriam ter sido canceladas em 11 de abril de 1896: fontes diferentes forneceram dados diferentes para a temperatura da água – de 9 a 13 graus centígrados – mas definitivamente está bem abaixo do mínimo atual. Vestimentas (maiôs)? Não. Gordura de porco era usada naquela época: isso ajudava Hajos – apelidado de “Golfinho Húngaro” após seu duplo triunfo – enquanto muitos de seus rivais se retiravam da travessia porque não agüentavam a água fria.

Ou podemos ter outra boa história, de 1904, quando ainda havia raias instaladas num lago em St. Louis, sem um adequado sistema de supervisão e tomada de decisões – arbitragem. Os participantes da final de 50 jardas fizeram uma fila enorme na beira da piscina, já que os árbitros não conseguiram decidir o vencedor. Sinceramente, houve briga de socos, os dois primeiros colocados foram envolvidos numa briga, incluindo os nadadores Scott Leary (EUA) e Zoltan Halmay (HUN), mais os árbitros das respectivas nações que os acompanhavam. No final, uma nova prova foi ordenada (para o desempate) e Halmay venceu por uma margem clara.

Halmay foi um dos primeiros a ser considerado recordista mundial. No entanto, sem as instalações apropriadas de uma piscina, recordes mundiais foram reivindicados em todas as distâncias e ambientes possíveis.

A ordem era necessária, com certeza. Chegou, quatro anos depois.
           
“Mais por acidente do que intenção”
“Eu pensei que desde que os representantes de todas as nações estavam em Londres para os Jogos Olímpicos de 1908, seria uma boa oportunidade para falar sobre a questão do amadorismo e ao mesmo tempo para compilar uma lista de recordes mundiais feitos em condições semelhantes e sob supervisão adequada”.

Isso foi o que levou George Hearn proclamar-se então presidente da Amateur Swimming Association (ASA), o grupo reinante da natação britânica, a convidar representantes dos respectivos países para o Hotel Manchester, em Londres, há 110 anos. Oito países acharam que valia a pena participar, então cavalheiros da Grã-Bretanha, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Hungria e Suécia se reuniram para discutir as idéias de Hearns. Quando eles entraram no hotel, não era intenção de Hearns fundar um órgão internacional. Quatro horas e meia depois, levantaram-se da mesa, já haviam estabelecido os princípios básicos de formação de uma organização internacional que supervisionaria a natação, o mergulho e o pólo aquático em nível global. Esses oito países são considerados os fundadores, embora um ano depois, quando a abreviação francesa FINA (Federação Internacional de Natação Amadora) foi oficialmente aprovada numa reunião realizada em Paris (onde também foram estabelecidas as primeiras regras), a lista de federações-membro já era mais longa: Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Holanda, Hungria, Itália, África do Sul, Suécia e Estados Unidos da América. Um grande ponto de partida, na verdade: quatro dos cinco continentes já faziam parte do processo.
 
Foto: FINA

Embora Hearns, em um artigo escrito para o 30º aniversário da federação, admitisse que “a formação da FINA em 1908 surgiu mais por acidente do que intenção”, ele trabalhou incansavelmente pela organização. Em muitos livros ele é considerado o primeiro presidente, mas na verdade ocupou os cargos de Secretário Geral e Tesoureiro nos primeiros 16 anos. O primeiro presidente da FINA foi eleito em 1924: Erik Bergvall da Suécia estava jogando pólo aquático na piscina em Londres (e conquistou um bronze olímpico com sua equipe), quando o famoso encontro no Hotel Manchester aconteceu.

Tornando-se o nº 1. Esporte olímpico
Viver um marco histórico, como este aniversário de 110 anos da FINA, geralmente nos leva a lembrar do começo. Só para perceber onde tudo começou – e para destacar onde a jornada nos levou, membros da família aquática.

Os senhores do Hotel Manchester certamente não previram como esse órgão governamental se tornaria mais de um século depois. Podemos até dizer que nem 30 anos o cenário atual apareceu na imaginação de ninguém. Nem mesmo na imaginação de Cornel Marculescu – no entanto, Marculescu persuadiu a liderança a dar um passo ousado e criar um escritório autônomo da FINA. Hoje, sua existência pode ser considerada inevitável: nem um único evento global pode ser executado sem uma administração profissional. Antes de 1986, o escritório da FINA era a secretaria do presidente da federação. E desde o início até 1988 – com exceção do período da Segunda Guerra Mundial – o mandato de um presidente foi limitado a quatro anos, sem direito à reeleição. Um bom elemento democrático, mas, ao mesmo tempo, pode não ter encorajado as pessoas a pensar em projetos de longo prazo. Não havia think-tank (fábrica de idéias) ao fundo. Enquanto vários esportes já disputaram campeonatos mundiais, a FINA não tinha seu próprio grande evento, o foco foi apenas nos Jogos Olímpicos. (A natação e o atletismo são considerados as duas pernas das Olimpíadas em que, de certo modo, os Jogos se mantêm. Por isso, seria interessante investigar o que impediu os líderes desses dois esportes de lançarem uma vitrine mundial há mais tempo. Eram quase os últimos entre os grandes esportes. A FINA esperou até 1973, enquanto o atletismo precisou de mais 10 anos para realizar seu primeiro campeonato mundial.)

Os primeiros mundiais da FINA também foram instáveis. A edição inaugural foi planejada para 1971, mas devido a dificuldades financeiras teve que ser adiada para 1973. Com base em seu sucesso, foram imediatamente repetidos dois anos depois, mas depois veio a primeira mudança para mantê-los no meio do ciclo olímpico. E a cada quatro anos, como o futebol (desde 1930). Até o novo milênio vimos o retorno dos Campeonatos Mundiais da FINA – desde 2001 eles foram realizados em anos ímpares e se tornaram um evento que tem um impacto marcante no mercado esportivo global.

Podemos dizer que, embora a criação do órgão internacional tenha ocorrido cedo o bastante, demorou algum tempo para começar a liberar todo o potencial das modalidades aquáticas. No entanto, tendo em vista o interesse que os eventos da FINA geram hoje em dia, podemos afirmar que os esportes aquáticos se recuperaram desde então. Além do mais, agora é considerado – e vamos dizer, reconhecido – como o esporte nº 1 olímpico, oferecendo as maiores medalhas de todos os tempos em Tóquio 2020.

Diversidade e universalidade no seu melhor
Não há outra federação que ofereça tal diversidade em suas modalidades – talvez este seja um dos grandes segredos por trás dessa história de sucesso. Evoluindo constantemente, os esportes aquáticos têm tantas cores ao lado do azul básico. A velocidade na natação, as acrobacias no mergulho, a beleza e a harmonia na natação artística, a resistência na natação em águas abertas, a alegria do jogo no pólo aquático, as emoções de um esporte radical em alto mergulho (...). E a FINA continua crescendo, já que recentemente foi decidido adicionar o pólo aquático de praia para o programa do Campeonato Mundial em 2019.

Estes 110 anos estão cheios de histórias brilhantes e personalidades de destaque, heróis que impulsionaram os esportes aquáticos para a grandeza. Devemos ser gratos a eles e às federações nacionais também. No começo eram oito. Hoje, o número é de 209. Levou 70 anos para quebrar a barreira de 100 membros, mas apenas 30 para ultrapassar os 200.
 
Foto: FINA

A universalidade é fundamental para a magnífica progressão da FINA. Muitos esportes lutam para obter exposição mundial e ter atletas realmente bem-sucedidos de todos os cinco continentes e ter um grande grupo de nações capazes de produzir medalhas. Mais uma vez, eu não quero fazer comparações com os outros, mas todos nós podemos nomear esportes que são fascinantes, envolver dezenas de milhões [de pessoas] (...). Nos esportes aquáticos, atletas talentosos podem subir ao pódio, mesmo os mais destacados de qualquer país. A história da FINA produziu vencedores olímpicos do Suriname, Cingapura e Cazaquistão. No Campeonato Mundial do ano passado vimos a primeira medalha de natação para o Egito, um título histórico pela primeira vez nos saltos para a Malásia, um pódio aberto para o Equador, apenas para lembrar alguns dos grandes exemplos que demonstram: realmente, pode ser o grande dia de qualquer um.

Spitz, Egerszegi, Phelps, Ledecky, Dressel ... – estrelas no nosso céu

Isso vem com números atingindo alturas sem precedentes. O mais importante, o acumulado público de TV para os Campeonatos Mundiais já estava perto de 07 bilhões em 2015. Se você tem competições emocionantes em seis modalidades com um grande número de esperanças de medalhas de várias nações, isso é uma espécie de conseqüência auto-explicativa.


Claro, os atletas são sempre os protagonistas e seus esforços são a chave, especialmente quando um esporte tem a sorte de ter um gigante como Michael Phelps. E sua aposta em Pequim e a proeza de conquistar oito títulos olímpicos – que obviamente elevaram os níveis aquáticos ao topo – podem ser vistos como especiais porque, antes dele, Mark Spitz e seus magníficos sete ouros de 1972. Superar essa performance inevitavelmente criou uma campanha publicitária que se seguiu – mais duas grandes exibições em 2012 e 2016, reunindo o maior número de ouros e medalhas olímpicas da história – garantiram um novo impulso em todos os campos para a natação.


Apesar de estarmos indo para a primeira Olimpíada sem Phelps desde 1996 (é claro que em 2000, poucos notaram o garoto de 15 anos), não há nada para se preocupar. Novas estrelas surgiram: um jovem talento dos EUA, Caeleb Dressel, já igualou a melhor medalha de Phelps no Mundial ao conquistar sete títulos em Budapeste, e Katie Ledecky está a caminho de superar o feito olímpico de Krisztina Egerszegi de conquistar cinco títulos...

 

Eles são nossos grandes nomes e é ótimo ter uma federação em segundo plano que se certifica de preparar o terreno adequado para eles, para que estrelas brilhem enquanto dão o melhor de si.

 

As últimas três décadas produziram um desenvolvimento significativo. Isso também pode ser devido à continuidade de ter apenas dois presidentes durante o período, primeiro Mustapha Larfaoui sob cujo mandato a “aqüicultura” cresceu muito – e seu sucessor, Dr. Julio C. Maglione, cujo reinado deu outro salto, transformando a aquática num multinegócio de milhões de dólares.


Claro, não se pode esquecer que esses 30 anos foram supervisionados pelo diretor executivo Cornel Marculescu, que, em uma entrevista, lembrou como tudo começou. “Eu me lembro do começo de meados dos anos 80, quando nos sentamos em um escritório com uma secretária e tinha um milhão de dólares no banco.”


Naquela época, era um pequeno escritório. Este ano, a FINA pode orgulhosamente organizar a inauguração de sua própria sede, uma vila como um castelo em um magnífico bairro em Lausanne, com uma equipe de mais de 40 pessoas, além de mais de cem milhões no banco [de dólares]. A participação nos principais encontros não é mais um desafio financeiro para qualquer federação-membro, pois a maioria dos custos é coberta. Ganhar a vida como atleta em esportes aquáticos está aberto a mais e mais, no nível superior, mesmo ter os meios para levar uma vida feliz e sem problemas também se tornou realidade, graças a somas extraordinárias oferecidas em prêmios em todas as modalidades em quase todos os eventos da FINA.


Bem, isso é algo que os finos cavalheiros ao redor da mesa do Hotel Manchester certamente não imaginavam há 110 anos... Ainda assim, vendo a posição da FINA no cenário esportivo global, eles podem se orgulhar de sua criação.


Fonte: FINA




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