No dia das mães, uma homenagem especial à minha mãe - Natação do RN

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No dia das mães, uma homenagem especial à minha mãe

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O dia das mães é especial, com certeza. E com certeza dedicamos este dia, dentre tantos outros motivos, a homenagear aquela que se tornou especial, mesmo sabendo que ela não deixa de ser especial nos outros dias. Mas uma coisa é preciso dar importância: por trás de todo grande atleta existe uma mãe frágil e às vezes de certa forma tão carente, que sua reação imediata diante da vida se resume a lutar.

Assim foi com Dna. Joana, e imagino o quanto poderia ser com tantas outras Joanas pelo mundo à fora, seja aqui no Brasil, especialmente no Nordeste, seja noutros países bem mais pobres que o nosso. A propósito, quando se pesa a classe social num mundo chamado natação, ainda mais naquela década de 1990 quando comecei a nadar, verdade seja dita, é preciso enfrentar bem mais que meros adversários numa piscina. Se em menos de 04 anos depois que aprendi a nadar cheguei a bater um tempo incrível, muito mais que sete adversários numa prova era preciso enfrentar, para hoje reconhecer a força do amor de mãe com maior intensidade.

Foi a minha mãe que fez minha inscrição na antiga escolinha de natação do Sesi/RN. Foi ela quem comprou minha primeira sunga (laranja) e quem me acordou cedo pra ir às aulas. Foi ela também quem tirou as primeiras fotos numa competição e foi ela quem me viu sair às 06h00 da manhã, voltar às 22h30, depois de ter treinado 07 a 08 km na piscina e percorrido 16 km de bicicleta por dia, entre casa, local de treino e de estudos. Foi ela quem cuidou de mim após os acidentes de bicicleta e foi ela quem inspirou a conquista de inúmeras medalhas.

Minha mãe foi lutadora, ela beirou o heroísmo de uma "mulher maravilha". E dizer isso num dia das mães poderia soar meio egoísta, ao se esquecer das demais mães pelo mundo, mas não. Naquela década de 1990, acreditava-se muito na ideia de castas. Uma inspiração que vinha da minha mãe era de romper esse tipo de paradigma, com todo respeito àqueles que só tinham piscina para nadar e não precisavam de 16 km de bicicleta [por dia]. Mudar de casta no Brasil não é algo facilmente permitido, mas algo impulsionou a minha mãe a acreditar que através do esporte muita coisa iria mudar na minha vida. E pra melhor.

Ver hoje boa parte dos jovens e adolescentes sem saber apresentar um currículo numa empresa me faz comparar aquela década de 1990, quando a globalização atingiu seu auge com todas as suas exigências. Eu mesmo poderia ter-me empregado de qualquer forma ou mal saber o que significa um "mouse" de um computador, é sério! Mas o esporte impregnou diversos valores que, sem sobra de dúvidas, duas pessoas tiveram preponderante participação nesse processo em minha vida: uma foi Zezé meu ex-técnico (+1998) e a outra foi a minha mãe. Algum dia, eu falo um pouco mais de Zezé...

Chegar a vislumbrar uma olimpíada passa longe, e muito longe, de uma comemoração de final de um Big Brother. Só quem é atleta sabe disso, mas o problema não é só saber disso. O problema é que algo poderia estar errado quando se sonha sozinho, para daí vir uma decepção. Quer se alegre com a conquista, quer se decepcione, minha mãe estava lá, talvez nem tanto na arquibancada, mas ela estava naquela dor muscular faltando 300 metros pro final dos 1.500 ou naqueles últimos 50 metros dos 400 Livre. Estava lá me encarando, como quem encara a dor, como sempre fez de melhor.

Ah, a minha mãe também na adolescência, já na década de 1970, sonhou em fazer parte da seleção brasileira de vôlei; o machismo imperante, porém, acabou atrapalhando o sonho dela. Eu não fui propriamente pras olimpíadas, mas as olimpíadas acabaram vindo a mim ironicamente. As circunstâncias acabaram concorrendo para uma finalidade, de modo que hoje eu me deparo com o dia das mães e penso no que tudo isso significou. Porque eu poderia apenas ter aprendido a nadar, mas se não fosse a minha mãe, eu não teria desafiado meu próprio técnico a mostrar que eu era melhor do que o que ele podia esperar. Toda aquela antiga equipe do Sesi sabe disso. E talvez seja esse tipo de concorrência que muitas vezes falte na vida de muitos adolescentes por aí, por não se cultivar o apreço pela excelência de resultados, como Zezé fazia questão e como a minha mãe também fazia questão.

Por amor à sua mãe, se existe um desafio, mostre que você é o melhor pra ela. Só o fato de mostrar o quanto poderia ser melhor pra ela, talvez nem seja preciso sacrifícios como o meu. Porque o amor de mãe pode ser ofertado na medida certa, quando nem imaginamos que ali no coração dela havia sido gestado um campeão, uma campeã, na mais íntima simplicidade e discrição. Mesmo quando a minha mãe, como tantas outras mães pelo mundo, não soube se expressar, é certo que o que ela desejou de melhor pra mim é fruto das melhores consequências da minha vida. E isso é de um preço inigualável.

Feliz dia das mães a todas as mamães do mundo. E feliz dia das mães à medalha mais importante que Deus me deu, por conquistar a vida, que é a minha mãe.

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