Quando nadar é uma questão de vida ou morte - Natação do RN

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Quando nadar é uma questão de vida ou morte

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Yusra Mardini saiu da Síria como outras milhares de pessoas fugindo da guerra iniciada ainda em 2011. Quando recém começava o conflito, a família Mardini mudou-se de cidade em várias ocasiões para evitar que os bombardeios dificultassem o treinamento de Yusra, que se destacava por um futuro promissor na natação.

Quem é Yusra Mardini 
Nascida em Damasco, na Síria, em 05 de março de 1998, Yusra foi jogada na água pelo pai – técnico de natação – aos 3 anos de idade. De lá pra cá, não parou mais de treinar e logo se tornou uma promessa olímpica. Mas, dez anos depois da primeira braçada, o país de Yusra entrou em guerra e o sonho olímpico ficou muito mais distante até do que o meu.

Afastada da ideia de ter uma vida dedicada ao esporte, a luta da jovem nadadora e sua família passou a ser só uma: sobreviver. No período dos 13 aos 18 anos de idade, ela se acostumou a fugir de tiroteios, enterrar amigos e voltar pra casa o mais rápido possível no primeiro sinal de conflito. Foi então que, num dos piores massacres do período, Yusra e a família tiveram a casa em Daraya destruída e perceberam que era hora de partir.

Créditos: COI/Acidigital


Entretanto, sua família, suas vidas e suas esperanças na competição deviam ficar para trás. Foram obrigados a abandonar tudo para fugir da guerra e tentar se salvar. Depois de passar pelo Líbano e pela Turquia, Yusra e sua irmã Sara pagaram alguns atravessadores para conseguir chegar à costa da Grécia. Saíram em um barco, junto com outras 20 pessoas, com a ilusão de chegar à porta da Europa. Poucos minutos após embarcar e depois de pagar mais dinheiro do que podiam, a pequena embarcação começou a afundar.

Nesse momento, Yusra e Sara não duvidaram e, vencendo o medo e o frio, se lançaram na água, junto com outras duas pessoas para arrastar o barco em meio às ondas até a margem da ilha de Lesbos (Grécia) e salvar não só suas vidas, mas também as de outras 20 pessoas com as quais compartilhavam o arriscado percurso.

A jovem sabia que ela poderia nadar até a margem mais próxima, mas tinha a “responsabilidade” de que as outras 20 pessoas também chegassem sãs e salvas.

“Se tivesse deixado alguém morrer afogado, jamais me perdoaria”, assegura a jovem.

As irmãs nadaram durante três horas e meia, ajudando a manter o barco no curso e puxando-o enquanto os passageiros de dentro do bote faziam o possível para ajudar.

“Estava frio, minha roupas me arrastavam pra baixo e o sal queimava os meus olhos e a minha pele. Mas eu não podia desistir e assistir àquelas pessoas morrendo. Havia um menino de quatro anos de idade que ficava olhando pra mim, assustado. Então, sempre que eu parava, fazia caretas engraçadas pra ele se distrair.”

Sem nenhuma ajuda externa, o grupo finalmente conseguiu chegar ao litoral grego com todos vivos e Yusra e Sarah, esgotadas, foram alçadas como heroínas. Mas o caminho até a Alemanha ainda era longo.

Créditos: Orient News


Continuou sua viagem a pé, em trem e ônibus durante 25 dias cruzando as fronteiras da Macedônia, Sérvia, Hungria e Áustria, para finalmente chegar a Berlim (Alemanha), onde uma associação de ajuda aos refugiados colocou as irmãs Mardini em contato com o Wasserfreunde Sandau 04, um clube de natação próximo ao centro de refugiados no qual viviam. Este clube deu oportunidade para que Yusra demonstrasse que havia nascido para nadar.

Em janeiro de 2016, Yusra conquistou uma bolsa de formação do COI que lhe permitiu treinar de verdade em busca de seu objetivo. Com o dinheiro, os treinos e seu talento, ela conquistou a vaga para o Rio 2016 e realizou o sonho de participar de uma Olimpíada muito antes do esperado.

Yusra tornou-se atleta olímpica, ao participar dos Jogos do Rio 2016, integrante da equipe de refugiados, que compete em igualdade de condições com qualquer um dos outros 206 países participantes. Havia também representado a Síria num campeonato mundial na Turquia, em 2012.

Hoje, seus pais e suas duas irmãs mais novas se juntaram a ela em Berlim e todos têm garantido um asilo temporário na Alemanha. Yusra só saiu de perto da família mesmo para vir ao Rio de Janeiro em 2016. Mas a jovem síria não veio ao Brasil para dar braçadas, as mais importantes continuam sendo aquelas no Mar Mediterrâneo, veio mesmo para nos contar um das histórias mais bonitas dos Jogos Olímpicos.

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