Papo de master – Aportuguesando o "máster" - Natação do RN

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Papo de master – Aportuguesando o "máster"

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A categoria "máster" na natação envolve atletas de idades avançadas. Intuitivamente, atribuímos ao "máster" a ideia de longevidade, o que não foge à realidade, mas que às vezes traz consigo certo preconceito em relação às gerações e à forma de enfrentamento diário de treinamentos com objetivo numa competição. A palavra "máster" é originada do inglês [master] e assim como as designações das metragens nas provas de natação (100m ou 100 metros, por exemplo), vale uma breve análise de sua relação com a categoria.



Problemática - aportuguesando
Do inglês, master significa "mestre", aquele que tem capacidade para ensinar ou que domina o conhecimento necessário sobre determinado assunto, destacando-se dos demais. Indica alguém destacado dos tradicionais professores, é alguém que tira ensinamento de sua própria experiência de vida, sem necessidade de replicar os conhecimentos até então válidos. A palavra ganhou naturalidade e foi aceita na Língua Portuguesa, aportuguesando para "máster".

Se mantivermos a relação da palavra com seu significado, quando pensamos em "máster", somos levados a idealizar alguém dotado de certo nível de respeito, muito embora com isso venha também o preconceito de idades. Bem, segundo Immanuel Kant, nesse sentido, o preconceito torna-se até necessário, porém mais importante do que isso talvez seja a curiosidade. Ficar preso no preconceito é o que engessa a humanidade, ao passo que a curiosidade acaba sendo aquele impulso que vence o preconceito, gerando esclarecimento. Assim, tornar-se "máster" impõe uma súbita missão de guardar experiência de vida, para além do preconceito de idade.

A categoria
Pensar em nadadores que passaram de idades tradicionais para disputas de alta performance é pensar no "máster". Como toda regra possui exceções, por muitos anos, raríssimos exemplos de nadadores com idade avançada (passando os 40 anos) continuaram ativos na modalidade esportiva e ainda com resultados expressivos. Geralmente, a categoria é marca por atletas que prezam muito mais pela saúde e o bem-estar do que as disputas em si.

Na natação competitiva, a categoria máster é dividida em sub-categorias de 05 em 05 anos, iniciando a partir dos 25 anos de idade. E isso foi iniciado pela ABMN, logo quando surgiu em 1984. Derivando a ideia da Associação Brasileira, a FINA aceitou a divisão da categoria em sub-categorias de 05 em 05 anos, e hoje seus campeonatos mundiais seguem o mesmo padrão, chegando a registrar recordes mundiais na sub-categoria dos 100 aos 104 anos de idade.

Regras oficiais
As regras oficias de natação estabelecidas pela FINA devem ser entendidas como exclusivas da modalidade. E isso se estende a qualquer categoria, tanto para júnior quanto para absoluto (cada país tem suas categorias definidas pela federação local responsável). Quando se pensa na categoria máster, as mesmas regras são aplicadas integralmente. Quando houver um conflito de entendimento da regra traduzida para a língua local, a Constituição da FINA (letra C6) determina que prevaleça o entendimento a partir da língua inglesa.

Ao consultar todas as regras de natação atualizadas, pouquíssimas divergências entre as traduções do inglês para o português são encontradas. Porém, quando se trata da categoria máster, algumas particularidades nas regras foram admitidas, como a pernada de peito nas provas do estilo borboleta. Ao passo que "se ouviu falar por aí" que tal regra se aplicaria a atletas acima dos 60 anos, o original em inglês da FINA não faz nenhuma referência a esse condicionante.

MSW 3.7 A breaststroke kicking movement is permitted for butterfly. Only one breaststroke kick is permitted per arm pull except that a single breaststroke kick is permitted prior to the turn and the finish without an arm pull. After the start and after each turn, a single breaststroke kick is permitted prior to the first arm pull.

Tradução livre não-oficial:
MSW 3.7 Um movimento de pernada do nado peito é permitido para [as provas do estilo] borboleta. Apenas uma pernada de nado peito é permitida para cada [ciclo de] braçada, exceto que uma única pernada de nado peito é permitida antes da virada e da chegada sem uma braçada. Após a largada e após cada virada, uma única batida de perna de peito é permitida antes da primeira braçada.

Qualquer comentário que se faça não teria a "oficialidade" da entidade responsável pela modalidade naquele país, como no caso do Brasil. Contudo, a CBDA publicou as regras oficiais de natação traduzidas, ao passo que ainda desconhecemos a tradução para o português das regras oficiais da categoria máster.

Assim como a particularidade das provas de nado borboleta em que é permitida pernada de peito, existem outras particularidades nas regras da categoria máster que estão no original em inglês das Regras FINA. Por exemplo: Nas provas de 400m, 800m e 1.500m Livre são permitidos 02 atletas por raia. A questão é: são permitidos nadando no sentido inverso, no mesmo sentido, paralelamente ou um seguindo o outro? Acesse o original em inglês e tire suas conclusões:


Se cada particularidade das regras no inglês fosse aqui levantada, poderia até gerar desgaste, mas o que se pretende não é ficar numa problemática em si, assim como quando alguém se prende num preconceito. O que se pretende é que as regras do máster estejam de tal forma claramente explicadas, para evitar aquele "ouvi dizer".

Plural
A forma plural da palavra aportuguesada não existe. Não existem no português: "másteres" nem "másters". Por que será? Aqui se encontra um novo conflito de entendimento. A palavra aportuguesada não se manteve com significado assim como o original em inglês. Lá no inglês, master tem seu plural masters. Também lá no inglês, master significa "mestre"; no português, significa "arquivo suporte de gravação". Mas afinal, qual a língua que falamos para que as palavras tenham sentido?

Quando nos referimos a uma categoria de atletas de natação, "máster" perde seu significado original, dando sentido para a tradução em inglês. Esse amálgama gera uma análise paralela àquela problemática das regras oficiais; isso desde quando não se percebe a importância de aportuguesar uma palavra com sentido original diverso.

Traduzindo – o fato
Aportuguesar certas palavras da língua inglesa deveria carregar aquele seu significado original, se não quisermos evitar conflitos de entendimento. Em outras palavras, falamos de uma categoria de nadadores com idade avançada, mas não falamos isso na língua portuguesa, falamos o inglês dentro do português. E ainda para completar temos regras oficiais em inglês não-traduzidas.

As competições de natação da categoria máster [ou master] tem crescido nos últimos anos e isso tem conferido certa importância na promoção do bem-estar e da saúde. Mas se um atleta que passou dos 30 ou 40 anos quiser levar a sério uma disputa, qual regra ele deve seguir? Não existe no Brasil nenhuma legislação que obrigue um cidadão a entender outra língua além do português [nem mesmo as línguas aborígenes que havia antes do português]. Isso porque não somos obrigados a entender o inglês para, em outra situação, discutirmos com o árbitro sobre sua tradução em português, caso se observe uma infração à regra.

Solução 
Enquanto uma solução não for dada adequadamente, principalmente pelas entidades responsáveis, teremos que nos valer do "bom senso". É entender um significado, mesmo quando a palavra não corresponda, e continuar "aportuguesando" aquilo que ainda não foi definido em regra traduzida oficialmente. Até lá, teremos que continuar usando "máster" como categoria de nadadores com idade avançada, ao invés de master



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