Histórico de atleta e imunidade: o mito e o científico! - Natação do RN

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Histórico de atleta e imunidade: o mito e o científico!

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Na ideia geral, atletas passam a impressão de serem mais resistentes à infecções do que pessoas sedentárias. E são, de fato. Mas não são imunes às contaminações e doenças. Muito menos ao coronavírus, personagem principal da pandemia que se instalou.


Dois fatores influenciam nossas chances de contrair uma doença viral: o primeiro é o nível de exposição ao patógeno e sua transmissibilidade, e o segundo, é o status de nosso sistema imune. Este último está no centro de nossas atenções, aqui. Uma vez que pode ser influenciado pela genética assim como por outros fatores como estresse, nutrição, sono, idade, psicológico e exercício físico.

O resultado final vai depender da forma como nosso corpo mantém seu equilíbrio. Entrando na resposta ao treinamento no atleta, existem algumas correntes de resposta a esse estímulo. A corrente da resposta positiva vem através da comprovação de que o exercício regular e moderado aumenta a eficiência do sistema imunológico no combate à infecções. Um estudo envolvendo 500 adultos mostrou que exercícios moderados de uma a duas horas por dia foi associado com um terço de redução do risco de infecções respiratórias comparado com indivíduos sedentários.

É curioso que as doenças mais comuns em atletas de alto rendimento venham a afetar o trato respiratório superior (resfriados e gripe), em grau mais brando, é verdade. Nossas via aéreas são uma grande porta de entrada para agentes infecciosos. Atletas costumam inspirar grandes volumes de ar através de exercícios vigorosos, chegando, por minuto, à ordem de 30 vezes mais do que uma pessoa em repouso. Somando-se ao aglomerado de outras pessoas no mesmo ambiente, compartilhando equipamentos e mesmo entrando em contato com outros atletas no caso de lutadores ou jogadores de futebol, isso tudo aumenta a chance de contaminação bacteriana ou viral.



Uma outra corrente de pesquisadores traz um possível impacto negativo com estudos que sugerem que atletas em regime de treinamento pesado podem ter uma diminuição da imunidade inata e adquirida em 15-25%. Isso incluiria, por exemplo, maratonistas e ultra-maratonistas, submetidos a treinamentos intensos e de longa duração mostrando supressão imunológica transitória abrindo uma janela para infecções. Seria o indicativo de que mais nem sempre parece ser melhor!

Um estudo clássico reporta um aumento de duas a seis vezes no risco de infecções do trato respiratório nas semanas seguintes a uma maratona (42,2 km) e ultramaratona (90 km). O crédito pra essa piora nos números seria de responsabilidade do aumento de hormônios ligados ao estresse físico como adrenalina e cortisol que inibem a ativação de células de defesa.

No entanto, uma nova frente de estudos com um número pequeno de atletas de esqui cross country não viu problemas imunológicos com 11 indivíduos submetidos ao treinamento intenso mostrando correlação de menos dias enfermos no ano, conforme maior era o volume de treinamento.

Essa possível violação da integridade do sistema imune faz com que o organismo perca a condição de responder com prontidão a qualquer desafio externo. A reação inflamatória torna-se insuficiente.

Do ponto de vista do treinamento, é preciso haver um controle entre carga externa e interna. A primeira é medida objetivamente através do volume, freqüência, intensidade e duração do exercício, e a segunda, através da percepção de esforço e pela capacidade de recuperação ao estresse imposto pela atividade física. O técnico precisa trabalhar com intervalos bem definidos de alta e baixa intensidade ou volume para proporcionar descanso ao corpo. Fundamental no processo de estabilização da função das células de proteção.

O conceito do balanço energético ideal é outro ponto fundamental para a estabilidade imunológica uma vez que existe relação direta com o metabolismo para seu bom funcionamento. O que cientistas chamam de imonometabolismo. É necessário o atleta manter uma disponibilidade de energia otimizada para que as células do sistema imune sejam nutridas para enfrentar situações infecciosas. Uma depressão do sistema imunológico pode ser mais acentuada após exercício contínuo, prolongado (mais de 90 minutos), de intensidade moderada a elevada, o que pode compreender 55-75% da capacidade aeróbica, sem a ingestão de suplemento alimentar durante esse período.

Demos essa volta para ilustrarmos o que acontece com o sistema imunológico do atleta e agora vamos ao título. Para entender a ideia, temos que pensar quanto tempo duram os efeitos do exercício nas nossas células de defesa e qual o impacto do envelhecimento.

Certamente, não dura para sempre. O exercício condiciona nosso corpo, como vimos acima, e seu efeito residual vai diminuindo conforme o tempo passa. A mudança na composição corporal, principalmente, com o aumento da massa de gordura aliado ao sedentarismo colocam tudo a perder. Se você tem 65 anos de idade e só foi atleta na adolescência, você perdeu seus benefícios atléticos. Se você tem 40 anos, e foi atleta de ponta até os 38, tudo vai depender de como você cuidou do seu corpo nos últimos meses. Como se alimentou? Está acima do peso? Começou a fumar? São perguntas que podem esclarecer um pouco sobre sua condição e idade imunológica.

E mesmo tendo um sistema imune forte, não há garantias de que você não terá efeitos fortes de uma infecção como a do novo coronavírus, porque ele é um vírus desconhecido para as suas células de defesa e poderá desequilibrar o funcionamento do organismo facilmente. A primeira infecção pode ser um desastre.

Muitos atletas de ponta acabaram contraindo a COVID-19 (doença causada pelo coronavírus) como os jogadores da NBA, Rudy Gobert e Kevin Durant; como os jogadores de futebol Dybala e Matuidi, mais tantos outros de clubes italianos e espanhóis.

Alguns sentiram o peso angustiante de sintomas como a falta de ar, por exemplo. Foi o caso de Earvin Ngapeth, jogador de volei francês e campeão mundial, que precisou ser internado com sintomas graves mas está se recuperando bem.

Assim como Cameron Van Der Burgh, nadador e campeão olímpico, pela Africa do Sul, ainda em forma, que foi internado num centro de terapia intensiva para tratamento da doença. Ele só tem 31 anos e foi devastado pela doença. A boa notícia é que já está curado. Ainda bem!

Com tudo o que explicamos e com tantos atletas infectados, podemos dizer que é um mito ter histórico de atleta e um sistema imune forte o bastante para evitar as consequências da contaminação do coronavírus.

Independente se você é atleta ou não, é melhor não arriscar e tomar todas as medidas de proteção e higiene para evitar uma contaminação. Até mesmo quando a pandemia acabar.


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