Fim do “sexo frágil”?! - Natação do RN

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Fim do “sexo frágil”?!

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Ao menos no programa da natação olímpica. Dizer que alguém treinou como uma garotinha há muito tempo deixou de ter significado na natação. Pois os treinos se mostram tão duros e pesados para ambos. Então por que programas diferentes? Houve uma época em que o sexo feminino era tratado sem pudores como “sexo frágil”, e na natação não era diferente. Isso se refletia até no programa de provas da natação olímpica.



Até 1964, os 200m borboleta eram disputados somente por homens. No feminino, apenas os 100m do estilo. A justificativa era que a prova era muito desgastante para ser encarada por mulheres. A holandesa Harry Pot, recordista mundial do 200m Borboleta em 1960, só teve a oportunidade de competir os 100 metros na Olimpíada daquele ano e terminou com a prata (que poderia ter sido ouro caso sua especialidade fosse prova olímpica).

Na Olimpíada do México 1968, foi implementado um programa de provas que é a base para o existente hoje com provas de 100 a 1500m Livre (com 800m feminino e 1500m masculino), os 100 e 200m Borboleta, Costas e Peito e os 200 e 400m Medley. No entanto, ainda persistia uma diferença sexista. Para os homens, três revezamentos, para as mulheres, apenas dois: não havia o 4x200m Livre Feminino. Era resquício de um pensamento do início do século, semelhante ao que justificava o 200m Borboleta somente para homens: o 4x200m seria muito desgastante para mulheres. E demorou para que essa discrepância fosse corrigida.

Somente em 1996 o revezamento seria adicionado ao programa feminino, uma correção tardia em uma época de mais esclarecimentos do que décadas antes em que supostamente não deveria mais haver distinções por sexo, principalmente no esporte, que tem como um dos objetivos a congregação e universalidade de raças e povos.

Foto: Olimpic.org


Pois aquele mesmo pensamento das mulheres frágeis, que não podiam nadar 200m Borboleta e 4x200m Livre encontra resquícios ainda hoje. Não, que na natação alguém ainda ache que mulheres não podem nadar as mesmas provas que homens. Em nome da tradição, a prova olímpica feminina mais longa era o 800m Livre Feminino. Para os homens, o 1500m.

Felizmente as coisas estão mudando. O Comitê Olímpico Internacional – COI finalmente anunciou a paridade dos programas feminino e masculino na natação, com a inclusão dos 800m Masculino e 1500m Feminino para a próxima Olimpíada, em Tóquio 2020.

Assim como ocorreu com o 4x200m, talvez essa mudança pudesse ter ocorrido muito antes. Afinal, mesmo que tal pensamento não faça sentido hoje, o fato de os homens nadarem uma prova mais longa que as mulheres era justificado pelo mito do “sexo frágil”, com leve teor de uma machismo europeu ainda remanescente.
 
Katie Ledecky. Foto: Time


E não haveria motivos para que algo resultante desse pensamento se perpetue, nem em nome da tradição. O esforço do COI de reduzir a diferença das representatividades masculina e feminina tem sido observado gradativamente nos últimos ciclos olímpicos e não só na natação. Por isso, tal iniciativa é louvável.

Por outro lado, há quem diga que as provas são redundantes. Não teria sido melhor, para paridade dos gêneros, manter somente 800m Masculino e Feminino? Ou somente o 1500m? Mas será que são mesmo redundantes? Não necessariamente. Em Campeonatos Mundiais, as provas são disputadas desde 2001. Em 08 edições, houve 16 pares 800m/1500m feminino e masculino. E em 06 edições, os vencedores foram diferentes. Então não necessariamente há garantia de que os vencedores serão os mesmos.

Claro, quando há alguém como Katie Ledecky na disputa... O que é certo é que os nadadores de Livre têm muito mais possibilidades de medalhas, diante da variabilidade competitiva. Se houvesse provas de 400m e 800m Costas, Borboleta e Peito, certamente teríamos medalhistas diferentes em ambos os sexos, medidos os esforços dos estilos em distância de alta resistência. E há também a inclusão do Revezamento 4x100m Medley Misto (duas mulheres e dois homens), disputado em mundiais desde 2015.

Katie Ledecky. Foto: Time


E o que parecia ser uma prova em que as diferentes estratégias das equipes seria o grande atrativo não se concretizou de forma completa: já se percebeu que em geral, o melhor aproveitamento é obtido com dois homens abrindo e duas mulheres fechando – todas as equipes que subiram ao pódio no Mundial de 2015 nadaram dessa forma, assim como a maioria dos times.

Agora com a responsabilidade de a prova ter-se tornado olímpica, as equipes dedicarão maiores estudos de estratégia, tanto quanto para os 800m Masculino e 1500m Feminino. Tóquio se aproxima, quem viver verá...

Fonte: Tudo sobre natação


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