20 de novembro: Dia da consciência negra. E...? - Natação do RN

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20 de novembro: Dia da consciência negra. E...?

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A natação é uma modalidade esportiva dominada por brancos desde sua regulamentação oficial a partir dos Jogos Olímpicos, ainda no final do século XIX. O privilégio de saborear águas límpidas e nela causar o espetáculo das mais variadas disputas nos quatro estilos de nado que levavam à glória foi próprio dos brancos, praticamente em quase 100 anos de Jogos Olímpicos.


No dia 20 de novembro, fazemos memória pelo Dia Nacional da Consciência Negra. Somente em 1988, um negro latino-americano com ascendência afro conquistou a primeira medalha de ouro na natação olímpica contra um americano branco com descendência europeia, cotado na época como favorito ao ouro. Anthony Nesty nasceu em Trindade e Tobago em 1967, em 1988 foi ouro olímpico nos 100 m Borboleta e hoje treina atletas da elite americana  como Katie Ledecky e Caleb Dressel.

Um recado super importante da nadadora pernambucana Etiene Medeiros resume bem o sentimento de quem enfrenta dificuldades sociais, além dos limites dentro de uma prova de natação:
"Hoje é um dia considerado muito importante para nós, afrodescendentes brasileiros, que batalhamos por espaço e respeito numa sociedade que tem muitos privilégios brancos. Hoje - e todos os outros dias - é dia de mostrar à população branca que somos capazes e que o "povo preto veio sim para revolucionar. Tenho muito orgulho do que sou, de onde eu vim e do que me tornei. Acho que eu, Etiene, represento muita coisa na natação, principalmente por ser negra e ter aberto portas para outras meninas negras - que podem fazer igual e com certeza melhor do que eu - em um esporte que é totalmente elitista. Hoje, e todos os outros dias, é dia de enaltecer todos os negros que me inspiram e que lutam para que a nossa voz não seja (nunca) calada", disse a pernambucana nordestina campeã mundial de natação.

Etiene Medeiros, pernambucana, campeã mundial de natação
Créditos: Espn


Por ter sido reservada aos brancos por muito tempo, a natação ainda continua sendo praticada por uma maioria absoluta de brancos. Devido às circunstâncias dos primórdios da era moderna dos Jogos Olímpicos, a modalidade traz consigo um histórico de elitismo dominante, rechaçado por estigmas de privilégios reservada aos de pele clara.

O que se resultou em quase um século de domínio branco nos pódios da natação olímpica foram preconceitos recíprocos de ambos os lados. Ou seja, tanto brancos quanto negros alimentaram preconceitos de si mesmos: uns se reservando o privilégio de se vangloriar num pódio, enquanto outros o preconceito de "complexo de vira-lata", de acomodar-se a paradigmas de dominação branca.

Negue quem quiser, mas a cabeça baixa da chinesa Yuanhui Fu consternada no pódio em segundo lugar, ao ter perdido pra Etiene nos 50 m Costas do mundial de Budapeste em 2017, resume bem o orgulho ferido de um branco quando perde pra um negro. Etiene levou a bandeira do Brasil ao mais longe quanto pode. Ela um exemplo típico de orgulho nacional.

Porém, muito além que uma realidade de desigualdade social que privilegia brancos, que os que se aceitam negros consigam romper paradigmas que perduram há séculos dentro da natação. Isso porque nadador é nadador, e o tempo conquistado ao bater na borda não é branco nem negro, mas sim o resultado de seu esforço e dedicação.

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