Antes mesmo de
começar o campeonato, Paulo de Tarso sentiu dores em seu ombro direito e
estava tomando medicamentos para honrar sua inscrição. George Fonseca e Franklin Rodrigues também tiveram seu desempenho individual comprometido nas
últimas provas do campeonato, mas isso não devido propriamente ao treinamento.
Atletas masters não são mais como nadadores do juvenil ou júnior/sênior que se
dão resultados um em cima do outro, mas precisam de tempo para recuperar sua
forma após uma competição.
Sair de uma
competição e ter apenas 05 dias pra recuperar realmente compromete o melhor que
se poderia esperar de um atleta master, como os nadadores tiveram que passar
após a 1ª etapa do Estadual Master, no dia 16 de abril, em que havia sido solicitado da FAN que
antecipasse a competição para 15 dias antes do brasileiro. Infelizmente, a
solicitação não foi atendida e isso pesou muito na balança, quando o desempenho
dos nadadores potiguares se esbarrou em seus limites.
Na prova do 50m
Livre, Paulo de Tarso era o favorito ao ouro, mas depois de ter assegurado o
bronze no 100m Livre, tendo iniciado o campeonato com dores no ombro, o atleta
da categoria 60+ não conseguiu ir além e teve que abandonar a prova em que
voltaria a ser campeão brasileiro, devido às fortes dores. Assim também aconteceu com George que teve que abandonar o 200m Livre, também com o melhor
tempo da prova.
Pensar numa
equipe que represente o Estado é pensar no melhor que essa equipe possa contribuir
tanto individualmente quanto em grupo, contando com o apoio não só de seus
técnicos e amigos, mas dos principais responsáveis pela promoção do desporto
aquático no Estado. Não basta investir recursos próprios ou às vezes tendo
apoio de patrocínio, quando seria preciso abrir mão de uma competição para
participar de outra em vista de datas muito próximas.
Na disputa do
100m Livre em que Paulo de Tarso garantiu o bronze, a tomada de tempo se deu
por placa (equipamento eletrônico automático sensível ao toque colocado na
borda da piscina). A diferença de um único centésimo atestou o nível de
competitividade do evento levado a sério.
Segundo a SW 11.1, a classificação de
um atleta é dada primeiro pelo toque na placa, prioridade estabelecida e
garantida na Regra Oficial acima dos tempos dos cronometristas (pêra ou
cronômetro manual). Caso haja defeito ou não funcione após sua devida
instalação na raia do atleta, é que se considera o critério de tomada de tempo manual.
Considere a
hipótese de a arbitragem durante o campeonato brasileiro ter pego tempo manual suscetível
a cerca de 13 centésimos de reflexo do erro humano (tempo médio entre a visão e
o comando manual através do cérebro). Talvez a natação potiguar não tivesse o
que comemorar com o bronze do Paulo de Tarso.
Outro exemplo seria a tomada de
tempo da seletiva olímpica que classificou o potiguar Marcos Macedo. A diferença
de 52.17’’ do potiguar para 52.22’’ de Vinícius Lanza (3º na lista dos classificados)
são apenas 05 centésimos, ou seja, um número suscetível ao erro do reflexo humano
entre a visão do árbitro e o comando manual do cronômetro. Será que estaríamos
comemorando hoje a classificação do potiguar para as olimpíadas, se a tomada de
tempo fosse manual?
Exemplos de placas colocadas na borda para tomada de tempo eletrônica e automática |
Em toda parcial de 50m ou 100m, quando o atleta toca na placa deve ser registrado seu tempo até o final da prova |
Numa análise do
Campeonato Estadual Master, em que se privilegiam provas de velocidade, cada
vez mais os nadadores incrementam treinamento para evoluir. Há diversas séries
em que os resultados são determinados por centésimos na última braçada. De certa
forma, isso merece respeito, não por se tratar de desempenho de alto rendimento,
mas porque o desporto levado a sério gera qualidade de vida com a prática e a
sociabilidade que a natação promove.
É claro que a
tomada de tempo manual não implica erro humano sempre que o árbitro utilizar
esse recurso. Trata-se de um critério estabelecido por Regra Oficial que deve
ser respeitado, pois afinal, independente do tempo tomado, a decisão do
árbitro geral é soberana. Mas, quando se têm dois recursos e um deles é mais
preciso e despreza a maior margem de erro humano, por que utilizar o que gera dúvida, quando o toque determina a
classificação final?
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